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Temer indica Raquel Dodge para chefia da PGR

29 de junho de 2017

Presidente quebra tradição de governos petistas e escolhe segunda colocada em eleição interna do Ministério Público para o cargo de procuradora-geral da República. Senado precisa aprovar indicação. Janot sai em setembro.

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Brasilien - Raquel Dodge
Em meio a relações estremecidas com PGR após denúncia, Temer nomeia candidata não alinhada a JanotFoto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O presidente Michel Temer decidiu indicar a subprocuradora Raquel Dodge para suceder Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), anunciou o Palácio do Planalto nesta quarta-feira (28/06). O mandato do atual procurador-geral termina em 17 de setembro.

Temer recebeu a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) nesta quarta-feira. Além de Dodge, o documento era composto por Nicolao Dino e Mario Bonsaglia, os três primeiros colocados na votação interna feita pelo Ministério Público no dia anterior.

Ao escolher Dodge, Temer quebrou a tradição de nomear o candidato mais votado, o que vinha sendo praticado por presidentes da República desde 2003. Com 587 votos, a subprocuradora aparecia em segundo lugar. Dino era o primeiro com 621 votos, e Bonsaglia, terceiro, com 564 votos.

Segundo a Constituição Federal, o presidente pode indicar ao cargo qualquer integrante do Ministério Público com mais de 35 anos de idade. Criada em 2001, porém, a lista tríplice é defendida pelos procuradores da República como um dos principais instrumentos de autonomia da carreira.

A indicação de Temer segue agora para a análise do Congresso, onde Dodge deve passar por uma sabatina. A aprovação da subprocuradora ao cargo está nas mãos do Senado. Sendo admitida pelos parlamentares, ela toma posse em setembro para um mandato de dois anos.

A nomeação de Dodge ocorre num momento de extrema exposição para o Ministério Público, apenas dois dias depois de Janot ter apresentado uma denúncia contra Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva. A ação elevou a tensão entre a PGR e o Palácio do Planalto.

Em pronunciamento nesta terça-feira, o presidente lançou críticas ao procurador-geral da República, afirmando que ele busca "revanche, destruição e vingança" ao denunciá-lo ao Supremo. Segundo Temer, Janot realizou um "trabalho trôpego" com intenção de fragilizar o governo e "parar o país".

O sucessor de Janot vai ser responsável por apresentar e conduzir ações contra dezenas de políticos envolvidos em escândalos de corrupção – muitos dos quais serão responsáveis por sabatinar e aprovar esse sucessor.

Em debate realizado em maio entre os candidatos ao cargo, Dodge saiu em defesa da Operação Lava Jato, afirmando que tem a intenção de "convidar os atuais membros a permanecerem no trabalho que estão fazendo e, se necessário, ampliar o número de colegas e estruturar o apoio mais fortemente".

EK/abr/ots