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Viagem

Roteiro de três dias em Leipzig

Cidade de feiras, música e universidade, dinâmica metrópole da Saxônia proporciona ao visitante um passeio pelo passado longínquo e recente da Alemanha. Confira nossas sugestões de atrações.

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Vista de Leipzig com a torre da prefeitura nova (Neues Rathaus) e, à direita, o arranha-céu City-Hochhaus
Vista de Leipzig com a torre da prefeitura nova (Neues Rathaus) e, à direita, o arranha-céu City-HochhausFoto: pictur- alliance/dpa/T. Schulze

Leipzig reúne não somente música e conhecimento, mas também comércio. A riqueza de seus prédios históricos é testemunho de um passado de prosperidade, onde as belas-artes e as ciências sempre foram impulsionadas.

Ali viveram os compositores BachMendelssohn Bartholdy. A cidade também abriga a Orquestra Gewandhaus e o coro de meninos Thomanerchor, duas instituições de renome mundial. Foi em Leipzig que Goethe criou o seu Fausto, e ali estudaram os filósofos Leibniz e Nietzsche.

Com muitos de seus edifícios históricos destruídos na Segunda Guerra e mais tarde também pelo governo comunista da antiga Alemanha Oriental, Leipzig encontrou uma forma viva e dinâmica de lidar com um passado de destruição e reconstrução

1° Dia: Centro histórico

O primeiro dia de passeio por Leipzig pode começar na praça Marktplatz, ponto de encontro de turistas e residentes durante o ano todo, mesmo que não esteja acontecendo nenhuma feira semanal, festival de música ou o famoso Mercado de Natal.

A praça é cercada por construções históricas, como o prédio da prefeitura antiga (Altes Rathaus). Considerado um dos mais belos edifícios renascentistas da Alemanha, ele foi construído em 1557, recebendo mais tarde uma torre barroca. Desde 1906, o local abriga no primeiro andar o Stadtgeschichtliche Museum (Museu Histórico Municipal).

Ali se encontram documentos preciosos da história de Leipzig, entre eles o contrato assinado em 1723 pelo compositor Johann Sebastian Bach como diretor do tradicional coro de meninos da Igreja de São Tomás (Thomanerchor) e responsável pela música sacra na cidade, cargo que ocupou até falecer em 1750. O museu é o local ideal para quem quer conhecer mais sobre a história da cidade como polo comercial ou sobre as manifestações que levaram ao fim da antiga Alemanha Oriental.

Descendo a rua Katharinenstrasse a partir da Marktplatz, pode-se ter uma ideia da prosperidade da cidade pelas antigas casas comerciais no lado esquerdo (oeste) da rua e que sobreviveram à Segunda Guerra. No lado direito (leste) se encontra o Museu de Artes Plásticas (Museum der bildenden Künste) de Leipzig.

As edificações na rua Katharinenstrasse são interligadas por pátios e galerias com a paralela rua Hainstrasse, onde na esquina com a Marktplatz está o Barthels Hof. Esse conjunto barroco de edifícios interligados por pátios abriga hoje diversas lojas e o tradicional restaurante Barthels Hof, que há mais de um século oferece a típica comida da Saxônia.

Na zona chamada de Drallewatsch, área com mais de 30 restaurantes e bares no centro de Leipzig, chama atenção uma pracinha na rua Barfussgässchen, onde, num prédio renascentista de cinco andares, se encontra o mais antigo café da Europa: Zum Arabischen Coffe Baum. Desde 1711, ali se servem café, chocolate e chá. Hoje ali também funciona o Museum Coffe Baum.

Descendo a rua Klostergasse, você vai chegar à Thomaskirche (Igreja de São Tomás), na qual o compositor Johann Sebastian Bach atuou por mais de um quarto de século. Em Leipzig, Bach compôs por volta de 300 cantatas e obras famosas, como a Paixão segundo São Mateus e o Oratório de Natal.

Bach está presente por toda parte: no museu e arquivo Bach-Museum/Bach-Archiv, em frente à igreja; em seu retrato num dos vitrais da fachada sul; no monumento em sua homenagem na praça Thomaskirchhof ou em seu túmulo na sala do coro da igreja-salão gótica, que mais tarde recebeu uma torre barroca.

Mas essa presença se torna mais viva nos concertos do coro de meninos Thomanerchor. O coral existe desde a construção da igreja no século 12. Hoje, os jovens cantores se dedicam principalmente ao legado de Bach, seu antigo diretor. Essa é uma forma espetacular de terminar ou começar seu dia em Leipzig. O coro apresenta-se três vezes por semana na Igreja de São Tomás: nas sextas-feiras às 18h, nos sábados às 15h ou na missa aos domingos, às 9h30.

2° Dia: Estação Central, Batalha das Nações e Grassimuseum

Vale a pena começar o segundo dia na cidade com uma visita à Estação Central (Hauptbahnhof). Com quase 84 mil metros quadrados de área e uma fachada de 298 metros de extensão, esse imenso prédio construído durante a regência do imperador Guilherme 2° é ainda hoje o maior terminal ferroviário da Europa em área construída, como também um enorme shopping, com 142 lojas abertas sete dias por semana.

De lá, você poderá seguir com o bonde da linha 15 (Tramlinie 15) para uma visita ao colossal Monumento da Batalha das Nações (Völkerschlachtdenkmal). Inaugurado em 1913, o monumento homenageia os cem anos da Batalha de Leipzig ou Batalha das Nações, que marcou o fim do domínio de Napoleão na Europa. O memorial, no entanto, pode ser entendido como uma demonstração de força da Alemanha sob o imperador Guilherme 2°, pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial.

Leipzig: um retrato fiel da antiga Alemanha Oriental

O centro de recepção de visitantes se encontra à esquerda (leste) do memorial e à direita (oeste) está o museu Forum 1813, onde se pode ver uma maquete da batalha. Em frente ao monumento, o Lago das Lágrimas (See der Tränen) lembra o sangue derramado pelos 120 mil soldados mortos na contenda.

Um elevador leva ao Ruhmeshalle ou Hall da Fama, uma cripta simbólica envolta de estátuas de soldados em grande formato, que lembram hoje cenários de séries de fantasia como Game of Thrones. Sobre a cúpula da cripta, uma plataforma de observação permite uma visão panorâmica da cidade e seu entorno.

Voltando com a linha 15, você pode descer na parada Gutenbergplatz e passear pelo bairro que abrigava, antes da Segunda Guerra, mais de mil livrarias, firmas de encadernação, impressoras e mais de 400 editoras. É interessante observar a mescla de áreas vazias, arquitetura do início do século 20, edifícios abandonados, construções pré-fabricadas da antiga Alemanha Oriental e prédios modernos na região.

Desça pela rua Gutenbergplatz, pegue a rua Spohrstrasse e vire à esquerda na rua Dresdner Strasse. Você vai chegar ao complexo de museus Grassimuseum na praça Johannisplatz. Ali se encontram o Museum für Völkerkunde (Museu de Etnografia), com uma das maiores coleções etnográficas da Alemanha; o Museum für Musikinstrumente (Museu de Instrumentos Musicais) da Universidade de Leipzig e o Museum für Angewandte Kunst (Museu de Artes Aplicadas), com mais de 90 mil objetos do uso cotidiano da Antiguidade até nossos dias.

Talvez você não tenha tempo, mas próximo dali, na rua Goldschmidtstrassse, também se encontra a Mendelssohn-Haus, última residência do compositor romântico Felix Mendelssohn Bartholdy, hoje transformada em museu. O prédio também abriga o Instituto Internacional Kurt Masur, centro de informação e encontros em homenagem ao famoso maestro da Orquestra Gewandhaus, falecido em 2015.

3° Dia: Arte e galerias de lojas

No terceiro dia, volte ao centro histórico para uma visita ao Museu de Artes Plásticas (Museum der bildenden Künste) na rua Katharinenstrasse. A construção envidraçada abriga um acervo de milhares de pinturas, esculturas e trabalhos gráficos.

Além de obras de grandes mestres, como Lucas Cranach, Franz Hals, Rembrandt, Rubens, Tintoretto, Caspar David Friedrich ou Claude Monet, o museu abrange a arte da antiga Alemanha Oriental e os artistas da chamada Escola de Leipzig (Leipziger Schule), um polo de inovação da pintura alemã no final do século 20 e no novo milênio.

Seu passeio continua agora por trás do edifício da antiga prefeitura (Altes Rathaus) na praça Naschmarkt, onde na Idade Média se vendiam frutas e verduras. Esse passado comercial é relembrado ali com feirinhas na época natalina e na Páscoa. No centro da praça, uma estátua do jovem Johann Wolfgang Goethe homenageia o poeta alemão que estudou em Leipzig entre 1765 e 1768.

Atrás do monumento, chama atenção o prédio da antiga Bolsa de Valores (Alte Handelsbörse), um magnífico edifício barroco com escadaria dupla. Hoje o antigo local de reuniões e negócios de ricos comerciantes se transformou em lugar de eventos culturais e recepções.

Pela rua de pedestres Grimmaischestrasse, você chega à Augustusplatz, uma das maiores praças da Alemanha, com 40 mil metros quadrados de superfície. Seus prédios históricos foram destruídos pelas bombas da Segunda Guerra Mundial e no período pós-guerra pelo governo comunista.

Nova Escola de Leipzig

Ali, você vai ver, do lado esquerdo, o prédio da Ópera de Leipzig (Oper Leipzig), reconstruído em 1960 num estilo característico dos edifícios da antiga Alemanha Oriental. Do lado direito, o volumoso prédio em concreto e vidro inaugurado em 1981 é a sala de concertos da famosa Orquestra Gewandhaus. Em frente a ele, vê-se o obelisco da fonte Mende-Brunnen, único remanescente das construções históricas da praça.

Na praça também se localiza parte do campus da Universidade de Leipzig. O moderníssimo prédio Neues Augusteum é o edifício principal da universidade. Ao lado dele, o Paulinum é bastante sacral, pois ali antes se encontrava a igreja Paulinerkirche. Por trás deles, o arranha-céu City Hochhaus oferece uma plataforma de observação a 130 metros de altura com uma vista espetacular sobre a cidade.

Da Augustusplatz, pegue a Ritterstrasse em direção à igreja Nikolaikirche com sua marcante torre central oitavada. Reformado no fim do século 18 em estilo classicista, o interior originalmente gótico surpreende com suas colunas e capitéis em forma de palmas nas cores verde, branco e rosa. A igreja ganhou notoriedade na recente história alemã, pois foi ali que se iniciou a revolução pacífica na Alemanha Oriental, em 1989.

Aproveite o resto do dia para fazer compras e conhecer uma das principais atrações de Leipzig: um sistema único de Passagen (galerias de lojas e pátios), ao longo das ruas Grimmaische Strasse e Peterstrasse.

Não deixe de visitar nessa região o Speck Hof, a mais antiga galeria da cidade; a luxuosa Mädlerpassage em frente à praça Naschmarkt e a galeria Petersbogen, que interliga a rua Peterstrasse à praça Burgplatz. Nessa última, encontra-se outra atração turística de Leipzig: o prédio da Prefeitura Nova (Neue Rathaus), construído em estilo eclético em 1905, com quase 600 aposentos.

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