Metalúrgicos começam paralisações
29 de janeiro de 2004Os metalúrgicos alemães cruzaram os braços algumas horas nesta quinta-feira (29), iniciando a primeira ação de paralisação do trabalho para reforçar sua reivindicação. O sindicato IG Metall, que também representa os funcionários das indústrias elétricas, exige um aumento salarial de 4% e recusa-se terminantemente a aceitar uma prolongação da jornada de trabalho, atualmente de 35 horas por semana.
Os empregadores, por sua vez, ofereceram aumento de 2,4% em duas parcelas, mas em contrapartida querem poder contratar funcionários com uma jornada mais longa, de 40 horas semanais. Segundo justificam, isso daria maior flexibilidade às empresas.
Em defesa da semana de 35 horas
O sindicato alemão, contudo, cuja negociação salarial costuma ser acompanhada com interesse em todo o país e serve de base às demais categorias, pretende defender os contratos coletivos de trabalho e as 35 horas semanais com unhas e dentes. O setor metalúrgico-elétrico emprega 3,5 milhões de pessoas na Alemanha.
A paralisação começou logo após a meia-noite em Sindelfingen, com os operários do turno noturno da DaimlerChrysler, e depois se estendeu abrangendo mais de 13.500 funcionários em vários estados. Na sexta-feira (30) está prevista a paralisação de 51 mil pessoas em 76 empresas, somente no Estado de Baden-Württemberg.
Ameaças de greve
O representante do IG Metall nas negociações, Jürgen Stamm, ameaçou os empregadores com uma greve nacional. A quem achar que o sindicato não está mais em condições de organizar greves, "vamos ensinar que está muito enganado", afirmou em Stuttgart. No ano passado, o IG Metall amargou uma derrota, ao interromper a luta sindical por salários mais altos no Leste da Alemanha, sem obter resultados.
O presidente do sindicato, Jürgen Peters, acusou os empregadores de se recusar a encontrar uma solução sensata. Em entrevista a uma emissora, ele considerou uma "pouca vergonha" e "uma tentativa de fraude" a reivindicação patronal de estabelecer uma brecha para contratos de até 40 horas de trabalho, sem qualquer compensação salarial.
Isso significaria uma volta à semana laboral de 40 horas, acarretaria a perda de 400 mil postos de trabalho, além de ser uma primeira ruptura do contrato coletivo de trabalho. O IG Metall, segundo Peters, "não vai ceder nunca" nesse conflito central de interesses que a federação patronal encetou.
Empresários querem flexibilidade
Já o negociador da parte empresarial, Otmar Zwiebelhofer, advertiu os sindicalistas para não deixarem o conflito escalar até uma greve. Nesse caso, é de se temer que aumente o número de empresas que abandonarão a federação dos empregadores da indústria metalúrgica. É essa entidade que negocia com o sindicato. Seu esvaziamento colocaria em risco os contratos coletivos de trabalho.
"As empresas precisam aliviar os custos, para poder deter a emigração de empregos e know-how ao exterior, ou pelo menos tornar esse processo mais lento", disse Hans-Werner Busch, da federação de empregadores.