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Sindicatos lutam contra perda de importância

Estelina Farias14 de outubro de 2003

O Sindicato dos Metalúrgicos (IG-Metall) realiza seu 20º Congresso sob o signo da perda crescente de importância dos sindicatos alemães em geral. Desde o colapso do comunismo, eles perderam 3,5 milhões de filiados.

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Metalúrgicos em greve de advertênciaFoto: AP

Com tradição secular e grandes sucessos após sua reorganização no pós-guerra, os sindicatos de trabalhadores da Alemanha estão lutando, há pelo menos um década, contra a tendência de se tornarem supérfluos. Tal ameaça é vista por cientistas no processo de individualização em curso e na transformação da sociedade industrial em sociedade de serviços.

Nos tempos de pleno emprego, durante o milagre econômico nos anos 50, os sindicatos garantiram grandes conquistas aos trabalhadores. Por exemplo, o pagamento da gratificação de Natal no serviço público. O IG-Metall ganhou a luta pelo sábado livre para os metalúrgicos poderem dedicar-se à família. Com uma greve de 16 semanas, os metalúrgicos também garantiram o recebimento de seus salários mesmo em caso de falta por causa de doença.

Jürgen Peters und Berthold Huber
Presidente do IG-Metall, Jürgen Peters e seu vice Berthold HuberFoto: AP

Fim do milagre - Nos anos 60, acabou o milagre econômico. Na década seguinte, surgiram os primeiros sinais de crise. Começou o desemprego em massa. Foram feitos então os primeiros acordos para proteção de pessoas contra as máquinas. Nos anos 80, os sindicalistas ainda ousaram lutar por redução da jornada de trabalho em geral. Na década de 90, eles sofreram pressões fortes nas negociações de acordos sobre salário e condições de trabalho. Foram acusados de inflexibilidade, de serem um fardo na competitividade global e uma algema nas ações empreendedoras das empresas.

Evasão de sindicalizados

- O espírito da época não respeita os grandes sucessos do passado. Os sindicatos vêm minguando, ininterruptamente, desde o fim do bloco comunista no Leste Europeu. Quando a União Soviética foi extinta no final de 1991, existiam 16 sindicatos na Alemanha e 11 milhões de sindicalizados. Desde aquela época, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas abandonaram os seus sindicatos.

A única resposta dos sindicalistas foi a fusão para manter a força de combate. Hoje os sindicatos alemães estão reduzidos a oito. As fusões não serviram, porém, para deter a evasão de filiados. Atualmente, a média de sindicalizados não chega a três para cada dez trabalhadores. Além do mais, é cada vez maior a fatia de sindicalizados com idade superior a 50 anos ou aposentados. No maior sindicato de industriários do mundo (IG-Metall), por exemplo, 22% dos filiados são aposentados. O número destes é três vezes maior do que o de jovens com menos de 23 anos.

Mudanças estruturais

- A diretora do Instituto de Ciências Econômicas e Sociais em Düsseldorf, Heide Pfarr, diz ter observado um considerável deslocamento nas estruturas do mercado de trabalho. Os ganhadores seriam as mulheres, os empregados com garantia de emprego e os que trabalham meio expediente, enquanto as vagas de trabalho para homens nas fábricas perdem importância.

Pfarf acredita também que já se foram os tempos do modelo de profissão vitalícia. Os trabalhadores do futuro deverão, em média, mudar de profissão seis vezes na vida. Outra tendência é aumentar o número de pessoas que trabalham em casa, graças sobretudo ao computador. Isto, segundo a cientista social, vai diminuir o interesse pelas representações coletivas. Não significa, porém, que os sindicatos vão se tornar supérfluos.

A cientista aconselha os líderes sindicais a ouvirem os alarmes da individualidade crescente, da flexibilização, da informatização e da despadronização, pois eles representam a crescente impotência do sindicato de determinada categoria, a degeneração dos sindicatos em geral em meras associações com alguns serviços para os poucos donos de um emprego em tempo integral. Mas ela também vê futuro para os sindicatos, desde que eles encontrem novas formas de ação. "Em vez de dizer às pessoas venham a nós, os sindicalistas devem ir bucá-las onde elas trabalham", aconselhou Pfarr.