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SociedadeIsrael

Estudo aponta aumento "dramático" do antissemitismo no mundo

27 de abril de 2022

Relatório da Universidade de Tel Aviv aponta que pandemia tem sido instrumentalizada por grupos antissemitas para espalhar teorias conspiratórias contra judeus.

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A foto mostra um homem com um quipá e uma mochila nas costas.
Relatório de 50 páginas aponta crescimento de agressões, assédio e vandalismo contra judeus em diversos países.Foto: photo2000/imago

O Relatório Mundial sobre Antissemitismo, realizado anualmente pela Universidade de Tel Aviv, em Israel, aponta um crescimento "dramático" de incidentes contra judeus em 2021. Divulgado nesta quarta-feira (27/04) – data em que Israel comemora o Yom HaShoá, o Dia Nacional em Memória às Vítimas do Holocausto –, o estudo indica que houve aumento de casos em praticamente todos os países que concentram grandes populações judaicas.

As principais razões, segundo o levantamento, são ações de grupos radicais tanto de direita quanto de esquerda, além de uma explosão de ódio, informações falsas e teorias conspiratórias espalhadas principalmente nas redes sociais em meio à pandemia de covid-19, que começou oficialmente em março de 2020.

Em ligação direta com a pandemia, por exemplo, o relatório destaca as acusações falsas de que Israel e os judeus criaram e espalharam o coronavírus. Com 50 páginas, o levantamento enfatiza também que o conflito ocorrido em maio de 2021 entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, levaram a picos de antissemitismo. Na ocasião, os embates duraram 11 dias e deixaram mais de 260 mortos na Palestina e 14 em território israelense.

Os esforços do Irã para difundir informações antissemitas, igualmente por meio de mídias sociais, e o financiamento de canais de comunicação também foram cruciais para o aumento do antissemitismo, segundo o relatório.

"Precisamos de uma análise profunda quanto à efetividade das estratégias [contra o antissemitismo] já existentes", dizem os autores do estudo, enfatizando que a luta através de esforços, conferências, leis e recursos investidos têm fracassado até o momento.

Segundo Uriya Shavit, chefe do Centro de Estudos Judaico-Europeus Contemporâneos da Universidade de Tel Aviv, ideias extremistas e violentas sempre estiveram presentes na sociedade. No entanto, "há algumas décadas, era necessário um esforço para ser exposto a elas. Hoje, é muito fácil acessá-las", afirma.

Problema nos principais países da Europa

O levantamento reuniu dados de 22 países. Em alguns deles, como na Itália e na Argentina, os casos de agressão, assédio e vandalismo contra judeus diminuíram. Em outros, a exemplo de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Austrália, houve crescimento.

Na Alemanha, a polícia registrou 3.028 incidentes antissemitas, um aumento de 29% em relação a 2020 e de 49% em comparação a 2019. O estudo classifica especialmente preocupante que movimentos antivacina no país tenham comparado sua situação – devido a lockdowns ou o isolamento social imposto pelo governo alemão para tentar frear a pandemia – à dos judeus no Holocausto, minimizando esse capítulo da história alemã e judaica – em torno de seis milhões de judeus morreram devido à campanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pessoas carregam e depositam flores em homenagem às vítimas do atentado de Halle, na Alemanha, em 2019, quando um extremista de direita atacou uma sinagoga na cidade que fica no estado de Saxônia-Anhalt, no leste do país.
Alemanha registrou mais de 3 mil incidentes antissemitas, aumento de 29% em relação a 2020 e de 49% em comparação a 2019.Foto: Hendrik Schmidt/dpa/picture alliance

Na França, os incidentes aumentaram 74% em relação a 2020. Levando em conta somente os casos de violência física, autoridades francesas registraram crescimento de 36% em 2021, de 44 para 60 episódios.

O Reino Unido observou um salto de 78% no número de ataques físicos contra judeus: de 97 em 2020 para 173 em 2021. Ao todo, o Centro de Serviços Comunitários do país registrou 2.255 incidentes antissemitas no ano passado, 34% a mais do que há dois anos.

Estados Unidos e Canadá também registram crescimento

No Canadá, o número de episódios antissemitas cresceu 54% somente em maio de 2021, durante o conflito Israel-Hamas: de 173 para 266, comparando com o mesmo período do ano anterior. Apenas naquele mês, a organização judaica B'Nai Brith Canada reportou 61 agressões contra judeus no país, o número mais elevado desde que os registros começaram a ser divulgados, em 1982.

Nos Estados Unidos, considerando somente propagandas antissemitas divulgadas por supremacistas brancos, o estudo registrou aumento de 27% em comparação a 2020 e de 113% desde 2019. Com uma população de aproximadamente seis milhões de judeus, o país vive uma onda crescente de atos antijudeus, conforme ocorrências policiais, organizações judaicas e a mídia.

A Liga Antidifamação contabilizou 2.717 incidentes de agressão, assédio e vandalismo contra judeus em território americano em 2021, um aumento de 34% em relação ao ano anterior. Este é o maior número desde que os dados começaram a ser coletados, em 1979.

Na mídia americana, conforme o estudo, houve flutuação. De acordo com notícias e reportagens, ocorreram 28 casos de agressões contra judeus em 2021. No ano anterior, haviam sido uma dúzia, e em 2019, 36.

Os departamentos de polícia de Nova York e Los Angeles, cidades que concentram a maior parte da população de judeus nos Estados Unidos, também apontaram flutuações. Em 2021, Nova York registrou 214 crimes de ódio. Em 2020, haviam sido 126. E em 2019, 252. Em Los Angeles, foram contabilizados 79 em 2021, 40 em 2020 e 42 em 2019.

gb (AP, KNA, ots)