Milhares protestam contra medidas anticovid na Europa
9 de janeiro de 2022Milhares participaram neste domingo (09/01) de protestos na Bélgica e na República Tcheca contra as restrições oficiais para conter a propagação da covid-19. Na Alemanha e na Áustria, as manifestações se concentraram na véspera.
No momento, diversos governos da União Europeia estão adotando medidas de confinamento rigorosas e novas exigências, a fim de forçar um maior contingente de vacinações e de doses de reforço.
A altamente contagiosa variante ômicron do novo coronavírus está fazendo saltar o número de casos por todo o bloco. Infectologistas e profissionais de medicina alertam que um surto de contágios, sobretudo entre os não vacinados, poderá extrapolar as capacidades hospitalares.
A seguir, a DW faz um resumo do que ocorreu durante os protestos deste fim de semana.
Bélgica
Cerca de 5 mil cidadãos compareceram neste domingo a uma passeata na capital belga, Bruxelas. Os participantes carregavam faixas criticando uma suposta "ditadura da vacina" e expressando descontentamento com a exigência de certificado de inoculação ou recuperação para frequentar bares, restaurantes e eventos culturais.
O protesto foi menor e menos violento do que outros ocorridos na cidade. Foram detidos 11 manifestantes por portarem fogos de artifício. Outros 30 foram presos no fim da passeata, depois que um grupo lançou "projéteis" contra a polícia.
Na semana de 30 de dezembro a 5 de janeiro, a Bélgica registrou aumento de 96% dos casos de covid-19, em relação à semana anterior, assim como de 28% dos internamentos.
República Tcheca
Na capital, Praga, milhares protestaram no domingo contra a proposta de tornar a vacinação contra o vírus Sars-Cov-19 compulsória para certos grupos etários e profissionais. Muitos na multidão carregavam bandeiras tchecas, alguns entoavam "Liberdade, liberdade!".
O governo tcheco está estudando obrigar a se vacinarem tanto os maiores de 60 anos quanto pessoal médico, estudantes de medicina, policiais e bombeiros. A medida foi decretada no início de dezembro pelo então primeiro-ministro, Andrej Babis.
Nesse ínterim, seu governo foi substituído por uma coalizão de cinco partidos, liderada por Petr Fiala. Este considera suspender a compulsoriedade para os sexagenários, mas não descartou mantê-la para certas profissões.
Alemanha
Em diversas cidades alemãs transcorreram no sábado protestos contra as restrições anticovid, em parte direcionadas à recém-aprovada obrigatoriedade de vacinas para funcionários de hospitais e lares de cuidados especiais.
Grande parte das passeatas foi organizada pelo movimento Querdenken 711 (pensamento lateral). Criado na cidade de Stuttgart, desde o início da pandemia ele se opõe aos confinamentos decretados pelo governo.
No sábado, várias cidades do país também testemunharam contraprotestos. Em Minden, no oeste, cerca de 2.500 cidadãos formaram uma corrente humana em solidariedade a um político local atacado por um grupo de antivacinas.
Em Dresden, no leste da Alemanha, mais de 3.500 fizeram um protesto silencioso contra as manifestações críticas às medidas antipandemia na região, que vêm se tornando cada vez mais radicalizadas e violentas. Foram também acesas velas diante da igreja Frauenkirche, em memória das vítimas da covid-19.
Áustria
Viena teve mais um fim de semana de protestos de massa contra as restrições antipandemia do governo austríaco. No sábado, cerca de 40 mil expressaram seu desagrado com os planos de um mandato geral para a vacina contra o coronavírus.
O chanceler federal austríaco, Karl Nehammer, que apresentou teste positivo na sexta-feira, afirmou que pretende manter a obrigatoriedade a partir de 1º de fevereiro.
Assim como numerosos outros países europeus, a Áustria está se debatendo com uma onda de casos de covid-19, impulsionada pela variante ômicron. O país conseguiu reduzir recentemente a velocidade dos contágios, através de um confinamento rigoroso, porém os números voltaram a crescer rapidamente assim que as restrições foram levantadas.
av (AP,AFP,DPA)