Em Israel, Baerbock apela por luta contra o antissemitismo
10 de fevereiro de 2022Em sua primeira viagem ao Oriente Médio como ministra do Exterior alemã, Annalena Baerbock apelou nesta quinta-feira (10/02), em Jerusalém, por uma luta contra o antissemitismo, destacando que a Alemanha não abandonará Israel.
Por outro lado, Baerbock criticou fortemente a construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos e defendeu a "solução de dois Estados" como opção mais viável para o conflito.
Na primeira parada da viagem de vários dias ao Oriente Médio, Baerbock colocou uma coroa de flores no memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, em homenagem aos 6 milhões de judeus assassinados pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
A ministra disse que é "obrigação incondicional" da geração mais jovem manter viva a memória do Holocausto, especialmente porque "há cada vez menos testemunhas entre nós": "O Yad Vashem nos exorta a ouvir as vozes dos que experimentaram o horror e a transmitir suas palavras."
A política do Partido Verde também visitou o Memorial das Crianças, erguido em 1987, que lembra os cerca de 1,5 milhão de meninos e meninas mortos pelos nazistas. "Como mãe de duas filhas, sinto um aperto na garganta ao pensar nas crianças que foram assassinadas", emocionou-se.
Antes de partir para Israel, Baerbock dissera que a Alemanha manterá sua "responsabilidade histórica" pela segurança do país amigo.
Luta contra antissemitismo
Depois de visitar o Yad Vashem, Baerbock encontrou-se em Tel Aviv com seu homólogo israelense, Yair Lapid, prometendo que o novo governo de centro-esquerda da Alemanha continuaria solidário ao país. Lapid enfatizou que a amizade entre os dois países se baseia no fato de que o passado não é negado.
Ambas as nações querem fortalecer conjuntamente a luta contra o crescente antissemitismo na Alemanha e no mundo. Para isso, segundo a ministra, o intercâmbio entre jovens dos dois países também deve ser intensificado, a fim de que os ensinamentos ocorram para além dos livros e cadernos escolares.
Outro tema debatido foi o programa nuclear iraniano. Segundo Lapid, um Irã com armas nucleares seria um perigo não apenas para Israel, mas para o mundo em geral. Na agenda, também estavam previstos encontros com o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, e com o presidente Isaac Herzog.
Baerbock defende "solução de dois Estados"
De acordo com o Ministério do Exterior da Alemanha, o processo de paz no Oriente Médio será uma prioridade nas conversas de Baerbock com os líderes regionais.
"Mesmo que o conflito no Oriente Médio pareça para muitos uma crise que sempre existiu, não podemos aceitá-lo como o status quo", disse Baerbock antes de partir.
Nesta quinta-feira, após se encontrar com Lapid, ela afirmou novamente que uma "solução de dois Estados" no conflito entre Israel e os palestinos seria "a melhor opção" para ambos os lados.
Ela prometeu que a Alemanha fará o possível para apoiar a retomada das negociações diretas entre israelenses e palestinos, com vista a um acordo. O processo de paz entre Israel e os palestinos está praticamente parado desde 2014.
Baerbock criticou a construção de assentamentos israelenses em território reivindicado por palestinos na Cisjordânia como uma ameaça ao processo de paz: "Consideramos isso prejudicial e incompatível com a lei internacional", destacou.
A ideia de criar dois Estados, um palestino e um israelense, na região da Palestina histórica é praticamente tão antiga quanto o conflito em si. A "solução de dois Estados" foi mencionada pela primeira vez na chamada Comissão Peel, criada durante o Mandato Britânico da Palestina (1922-1947). Ali, em 7 de julho de 1937, foi sugerida pela primeira vez a divisão da região em dois países.
À noite, Baerbock viaja de Israel para a Jordânia, antes de seguir para o Egito para negociações no sábado.
le/av (DPA, KNA, AFP, Reuters, ots)