Charles inicia em Berlim sua 1ª visita ao exterior como rei
29 de março de 2023O rei Charles 3º do Reino Unido foi recebido nesta quarta-feira (29/03) com honras militares no Portão de Brandemburgo, em Berlim, em sua primeira visita de Estado ao exterior depois de se tornar monarca.
Charles, que em setembro sucedeu sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, no trono, deveria viajar primeiro para a França, mas cancelou essa parte da viagem devido à onda de protestos intensos que atingem o país europeu, contrários à reforma da previdência do presidente Emmanuel Macron.
A viagem faz parte dos esforços do Reino Unido para restabelecer laços com a União Europeia (UE) após o Brexit. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que o fato de Charles ter escolhido a França e a Alemanha para sua primeira visita de Estado, antes mesmo de sua coroação em maio, foi um importante "gesto europeu".
"Hoje, exatamente seis anos depois de o Reino Unido iniciar sua saída da União Europeia, estamos abrindo um novo capítulo em nossas relações", disse o chefe de Estado alemão, que recebeu em Berlim o monarca e sua esposa, a rainha consorte Camilla.
Mais cedo, em mensagem no Twitter, o casal real já havia expressado sua "grande alegria por poder continuar o aprofundamento da amizade de longa data entre nossas duas nações".
Durante uma visita de três dias à Alemanha – que incluirá, além da capital, o estado vizinho de Brandemburgo e a cidade de Hamburgo, no norte –, o rei britânico participará de compromissos envolvendo questões binacionais, sustentabilidade e a crise na Ucrânia, informou o Palácio de Buckingham.
A chegada a Berlim
Como sinal de respeito, jatos de combate escoltaram o avião de Charles até Berlim, onde ele se tornou o primeiro chefe de Estado visitante a receber uma recepção cerimonial no marco histórico mais famoso da capital alemã, o Portão de Brandemburgo, símbolo da divisão do país durante a Guerra Fria e a subsequente reunificação.
A bandeira britânica tremulava ao lado das bandeiras da Alemanha e da União Europeia ao longo da avenida Unter den Linden, que leva ao Portão de Brandemburgo, onde multidões de simpatizantes esperaram por horas a passagem das personalidades reais.
Um dos primeiros compromissos do monarca foi um fórum sobre sustentabilidade, que abordou temas como energias renováveis e descarbonização industrial.
No evento, ele se reuniu com os ministros alemães do Exterior e da Economia – ambos do Partido Verde, membro da coalizão governista do chanceler federal Olaf Scholz –, além de líderes empresariais, acadêmicos e representantes da sociedade civil.
"Hoje, nós, amigos e parceiros, estamos olhando para frente – e é por isso que começamos esta visita de Estado, muito intencionalmente, com um tema decisivo para o nosso futuro neste planeta", afirmou Steinmeier.
O presidente alemão acrescentou se sentir "grato" por Charles 3º ter se engajado por esse tema desde cedo. "Também nos beneficiamos de sua convicção hoje, Majestade", declarou, antes de receber o casal real para um banquete de Estado no palácio presidencial de Bellevue, no fim do dia.
Compromissos na Alemanha
Nesta quinta-feira, Charles se tornará ainda o primeiro monarca a discursar no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), em Berlim, e depois se reunirá com alguns dos 1 milhão de ucranianos que se refugiaram na Alemanha da guerra desencadeada pela Rússia.
Ao fim do dia, o monarca britânico encontrará representantes de uma unidade militar conjunta entre Reino Unido e Alemanha, para uma demonstração de veículos anfíbios para construção de pontes em Brandemburgo. Na sexta, ele segue para a cidade portuária de Hamburgo.
Steinmeier comentou que convidara Charles 3º para visitar a Alemanha em setembro, no funeral da rainha Elizabeth. Como quem toma a decisão final sobre tais visitas de Estado é o governo britânico, analistas observam que a viagem foi um sinal claro dos esforços do primeiro-ministro Rishi Sunak de restabelecer as relações com o resto da Europa.
Na lista de parceiros comerciais mais importantes da Alemanha, o Reino Unido caiu do 5º lugar para o 11º em 2022, atrás da República Tcheca.
ek/av (Reuters, AFP, DPA)