Artistas do pós-guerra
Joseph Beuys
Na Alemanha Ocidental, o resgate de tendências modernistas levou ao surgimento dos neodadaístas, que não só questionavam formas correntes da produção artística – como o abstracionismo –, mas também imprimiam um forte cunho interventivo e político no trabalho artístico. Em torno de Joseph Beuys ou influenciados por ele, artistas alemães da década de 60 e 70 questionaram, através de uma nova arte conceitual, a própria noção da arte e sua função social.
A revolução somos nós (1971) é o lema que acompanha um dos auto-retratos de Beuys. O artista constata, assim, que a revolução não vem de cima, mas parte de cada indivíduo e de sua criatividade. Desta forma, o uso altamente diferenciado dos materiais na obra de Beuys se baseia na sua própria autobiografia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, segundo Beuys, ele teria sido salvo por nativos tártaros que o besuntaram com gordura, enrolando-o em feltro. Feltro e gordura são materiais básicos na obra de Joseph Beuys. Esta identidade entre artista e obra de arte também caracteriza suas performances e happenings.
Realismo Socialista
Entre os artistas da Alemanha Oriental, houve inicialmente um resgate de tradições da década de 1920. Alguns representantes da Associação dos Artistas Plásticos Revolucionários da Alemanha marcaram o cenário artístico do novo Estado e, em parte como docentes da Academia de Artes Visuais de Leipzig, ajudaram a propagar os preceitos do Realismo Socialista entre as gerações posteriores. Entre os nomes a serem destacados estão Wolfgang Mattheuer, Bernhard Heisig e Werner Tübke.
O antigo ideal de abolir as fronteiras entre vida e arte pareceu de início atraente a uma série de artistas jovens. Mas logo a concepção socialista do "real" e a exigência de fidelidade partidária levaram à criação de uma arte não oficial, que logo viria a enfrentar problemas com a vigilância estatal.
Os conflitos iniciais levaram diversos artistas jovens a se transferir para a Alemanha Ocidental, entre os quais Gerhard Richter e Sigmar Polke, nomes que marcariam a arte alemã das décadas posteriores e que hoje estão entre os mais importantes artistas da atualidade.
Gerhard Richter
Gerhard Richter estudou na Academia de Belas-Artes de Düsseldorf quando Beuys era professor, no início dos anos de 1960. Sua obra é caracterizada por uma imensa variedade de estilos artísticos: fotos pinceladas, pinturas em tons de cinza, paisagens coloridas que lembram o Romantismo alemão, pinturas abstratas em combinações de cores vibrantes, quadros minimalistas compostos de quadrados e retângulos coloridos e trabalhos que usam espelhos e vidros pintados ou transparentes.
Como objetivo artístico, sua profusão de técnicas e estilos poderia parecer paradoxal. No entanto, eles se combinam na procura de Richter pelo potencial da pintura. Através de trabalhos bidimensionais que tentam fazer desaparecer as fronteiras entre a fotografia e a pintura, o figurativo e o abstrato, o real e o virtual, Richter continua sua busca da "visão".
Os trabalhos de Gerhard Richter podem ser compreendidos como espelhos a refletir um mundo no qual realidade e imagem estão igualmente presentes na vida contemporânea dominada pela mídia.
Sigmar Polke
"Para mim, o que importa não é a imagem, mas o comportamento humano a querer tocar o que ela é", afirmou Sigmar Polke, um dos artistas alemães mais reconhecidos mundialmente e mais difíceis de ser classificado. Desde o início dos anos de 1960, Polke experimentou um vasto espectro de estilos e motivos, usando grande variedade de materiais e técnicas. Sua diversidade artística e sua resistência à qualquer forma de categorização são vistas, de fato, como sua principal característica.
Durante os anos de 1960, enquanto estudava na Academia de Belas-Artes de Düsseldorf, ele se uniu a Gerhard Richter na formação da resposta alemã à pop art americana – um estilo a que chamaram ironicamente de Realismo Capitalista. Observando o contraste entre o Leste comunista e o Oeste capitalista, seu trabalho inicial é caracterizado por referências ao consumismo.
Polke trabalhou com vários materiais, inclusive arsênio sobre tela. Implícita estava a noção de que materiais físicos são tão potentes como a própria imagem. Recentemente, seu foco está em experimentos de como a luz muda a textura e as cores das telas. "Estou tentando criar uma nova cor, uma que vem da reflexão. Como a luz celeste, isto dá a idéia de coisas novas, sobrenaturais", explica o artista.
Rebecca Horn
Rebecca Horn é a principal representante alemã de um movimento que levou a compreensão da essência das artes plásticas às suas fronteiras. A ele pertencem as correntes da Perfomance, Arte Povera, Fluxus e Arte Conceitual.
De forma bastante diferente, tanto Beuys como Horn refletem a dialética do indivíduo e da sociedade, do passado e do presente, da matéria e do significado, do espaço e do tempo, da espontaneidade e do controle. Em comum, está o combate ao formalismo e à síndrome da "arte pela arte".
No entanto, enquanto Beuys estabelecera uma distinção entre obra e observador, procurando libertar este das amarras da sociedade através de sua compreensão da obra, os primeiros trabalhos de Horn dos anos de 1960 buscavam experiências corporais. "Para mim, só existem atores", afirmava Horn.
Em suas primeiras perfomances – Extensões Corporais – a artista explorava o equilíbrio entre o homem e seu entorno. Nas suas composições espaciais posteriores, Horn substituiu o corpo humano por esculturas cinéticas. Por meio de uma compreensão espacial através do uso da luz, som e reflexão de espelhos, seus últimos trabalhos demonstram uma tendência para uma maior imaterialidade.