Multidão pede "nova independência" na Argélia
1 de novembro de 2019Sem números oficiais, a 37ª. sexta-feira consecutiva de manifestações ficou marcada por uma mobilização semelhante à altura mais forte do movimento "Hirak", uma contestação inédita ao Governo de Argel que começou a 22 de fevereiro deste ano.
"A Argélia quer independência" e "Venderam o país, traidores" foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes, dirigindo-se ao Presidente Abdelkader Bensalah, que desvalorizou o movimento de contestação como "alguns elementos que saíram à rua".
Milhares de argelinos ocuparam desde o início do dia a praça do Grande Poste, no centro de Argel, que se tornou o epicentro dos protestos. Um forte esquema de segurança foi montado pelo governo local para acompanhar o protesto. Agentes verificavam identidades dos manifestantes e inspecionavam bolsas, como a agência de notícias EFE pôde comprovar no local.
Para driblar os pontos de fiscalização que impedem o acesso à capital todas as sextas-feiras desde o início das manifestações, argelinos de diferentes partes do país chegaram a Argel nos últimos dias para participar do movimento. Muitos deles se hospedam em hotéis ou ficam nas casas de familiares ou amigos.
Contra o antigo regime
A mobilização dirige-se também ao general Ahmed Gaid Salah, o dirigente mais poderoso no país depois da demissão do ex-presidente Abdelaziz Bouteflika, consumada em abril passado depois da pressão das manifestações. Salah já garantiu que a eleição presidencial marcada para o próximo dia 12 de dezembro tem "adesão total" dos argelinos.
Na manifestação de hoje, os manifestantes gritaram que Salah não terá votos este ano, com o argumento de que se trata apenas de uma votação para regenerar um regime que exigem que seja desmantelado.
A 1 de novembro de 1954, a Frente de Libertação Nacional desencadeou a revolução argelina e a luta armada pela independência com uma série de atentados.