Televisão alemã em ritmo digital
7 de setembro de 2005A introdução da TV digital na Alemanha é uma história de sucesso. Somente em 2004, foram vendidos cerca de 1,4 milhão de decodificadores, as caixinhas que permitem a recepção digital nos aparelhos analógicos, também chamadas de set-top-box. A Feira Internacional de Eletrônica de Consumo (IFA) mostrou em 2005 mais uma novidade na área: a TV digital em celulares e outros aparelhos móveis.
No final deste ano, a televisão alemã festeja seu 70º aniversário e espera-se que até lá nada menos do que a metade dos domicílios alemães estará conectada à TV digital através das set-top-boxes, cujo preço varia hoje entre 70 e 250 euros.
Televisão digital não quer dizer somente uma melhor qualidade de som e imagem e uma maior quantidade de canais de televisão, mas também significa interatividade. Afinal, a set-top-box permite uma conexão sem fio entre a televisão e o computador para arquivos com fotos, som e filmes.
Entretanto, o redator da revista especializada em computação c't, Sven Hansen, nos lembra que a mera captação de sinal digital não significa necessariamente uma melhor qualidade de imagem, mas sim a fórmula imagem transmitida = imagem recebida. Por mais que sumam as ranhuras causadas pela transmissão analógica tradicional, a imagem digital vem comprimida, o que não a faz favorável para transmissão em grandes telas.
Os padrões digitais
Existem hoje três padrões de TV digital no mundo. O sistema americano, chamado de ATSC (Advanced Television System Comitee), o japonês ou ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting) e o europeu, denominado de DVB-T (Digital Video Broadcasting). O "T", de terrestre, é para diferenciar do DVB-C, por cabo, e o DVB-S, por satélite.
O sistema americano nunca emplacou direito nos Estados Unidos, onde os canais de televisão digital ainda têm prejuízo. E o japonês está sendo introduzido paulatinamente e ainda é cedo para se fazer considerações.
No caso da Europa, a TV digital veio para substituir os padrões analógicos existentes, como o PAL, originalmente desenvolvido na Alemanha e usado hoje pela maioria dos países europeus, e o padrão francês Secam, também presente em alguns países do Leste da Europa.
Mas, apesar do enorme sucesso na Alemanha, a "cota digital" alemã ainda está bem atrás da britânica, que é de 60%. Se depender do desejo da União Européia, a TV analógica vai parar de existir na Europa por completo em 2012. Itália, Finlândia e Suécia já querem atingir está meta até 2008.
O dilema brasileiro
Após o congelamento das verbas destinadas à implantação do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital) , o Brasil se vê agora em uma situação semelhante à do início dos anos 70, quando teve de escolher um padrão para a TV em cores. Na época, o Brasil optou pelo sistema alemão, o PAL, e adaptando-o à realidade brasileira, nasceu o PAL-M.
O ministro brasileiro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou, ao anunciar o congelamento das verbas neste final de julho em Campinas, que "os padrões de TV digital já existem e que não precisamos reinventar a roda", optando pela adaptação da tecnologia existente.
Este foi o caso da Austrália, que, após ter investido uma fortuna no desenvolvimento de um padrão próprio, desistiu e resolveu adotar o europeu.