Serviço secreto alemão passa a vigiar ala extremista da AfD
12 de março de 2020A ala mais radical da extrema direita do partido populista Alternativa para a Alemanha (AfD) tornou-se oficialmente objeto especial de vigilância pelo Departamento Federal para a Proteção da Constituição (BfV, o serviço secreto interno), anunciou nesta quinta-feira (12/02) o presidente do órgão, Thomas Haldewang.
Ele disse que há claros indícios de inconstitucionalidade nas ações da ala conhecida como "Der Flügel", que tem grande influência sobre a liderança da AfD, e que seus dois principais líderes são extremistas de direita.
"É fato que foram encontradas violações contra elementos da ordem fundamental liberal-democrática, a dignidade do ser humano, a democracia e os princípios do Estado de Direito", afirmou Haldewang, para quem o Flügel é comprovadamente um movimento de extrema direita.
Em janeiro de 2019, o serviço secreto interno da Alemanha já havia dito que a ala radical, fundada pelo líder da AfD na Turíngia Björn Höcke, era suspeita de extremismo de direita, assim como o grupo jovem do partido, o Junge Alternative.
Após o ataque de motivação racista em Hanau no mês passado, que deixou 11 pessoas mortas, o número de pedidos para que a AfD fosse monitorada pelo órgão de proteção da Constituição aumentaram.
A nova classificação significa que o grupo pode ser observado com o uso de todo o leque de recursos de inteligência, o que inclui a espionagem de pessoas para a coleta de dados e o recrutamento de informantes dentro do partido.
Além de Höcke, que já defendeu publicamente ideias típicas do neonazismo, como a "grande troca populacional", também integra o Flügel o líder da AfD em Brandemburgo, Andreas Kalbitz, que no passado teve laços estreitos com neonazistas
O Flügel não faz parte da estrutura partidária oficial e, portanto, não há uma lista de membros. Segundo Joachim Seeger, chefe do departamento de extrema direita do BfV, calcula-se que 20% do partido, ou seja, cerca de 7 mil pessoas, pertençam a essa ala especialmente radical. Em todo o país estima-se que haja cerca de 32 mil extremistas de direita.
Haldewang enfatizou que, para obter uma visão completa da extrema direita, é necessário também incluir o "racismo, ódio e assédio por partidos representados no Parlamento".
"Hoje sabemos que as democracias podem fracassar se forem dinamizadas por seus adversários. Esse é o aviso que a história nos deixou", declarou Haldewang, para quem o extremismo de direita e o terrorismo de direita são o maiores perigos para a democracia na Alemanha..
A co-presidente da AfD Alice Weidel disse não concordar com a medida. "A AfD fará todo o possível para impedir a observação" afirmou. Kalbitz disse que a decisão não se fundamenta em fatos e tem motivações políticas.
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