Ruhr 2010
16 de janeiro de 2010"Este é Tobias", diz Bernhard Scholten apontando para a estátua de um cavalo. "Ele está aqui porque foi o último animal do tipo a trabalhar nas minas da região o Ruhr". Berhard Scholten é engenheiro especializado em mineração e hoje guia os visitantes no Museu Alemão da Mineração, em Bochum.
Scholten decidiu seguir carreira de engenheiro de minas no final da década de 1970, em busca de um trabalho seguro. Por três anos, trabalhou na extração de carvão, mas a atividade não tinha futuro na região do Ruhr. E cada vez mais colegas foram perdendo o emprego.
A mineradora onde Scholten trabalhava passou por um processo de fusão, mas mesmo assim teve de encerrar suas atividades.
Mudança de mentalidade
O Museu da Mineração é uma atração entre as 25 espalhadas pelos 400 quilômetros da Rota da Cultura Industrial. O caminho turístico é sinalizado por placas de cor marrom e conduz o visitante por pontos históricos: dos patrimônios industriais do Ruhr, passando por salões com maquinário e lugarejos de trabalhadores de minas, chegando até uma plataforma panorâmica e museus.
Há também outras 25 rotas com temas específicos, como "Dortmund: carvão, aço e cerveja". "Transformação através da Cultura" é o lema da região do Ruhr neste ano. Esta parte da Alemanha é uma das três capitais culturais da Europa em 2010.
O Museu da Mineração, por si só, é um grande representante da mudança de mentalidade na região do Ruhr. Fundada em 1930, a instituição foi criada para promover a profissão de mineiro, pois na época a mineração ainda necessitava de mão-de-obra.
Em 1973, com a crise da mineradora Germania, em Dortmund, pensou-se em levar a torre da antiga mina para o museu. Mas houve resistência: muitos em Bochum achavam aquele um desagradável símbolo dos tempos de mineração. Hoje, a torre se sobressai sobre o prédio do museu e passou a ser um símbolo da cidade.
Eva Koch, porta-voz do museu, diz que muitas pessoas veem de forma positiva as raízes industriais da região do Ruhr. "Há orgulho dessa história. Sem a mineração e a indústria de minério, não seria possível a reconstrução depois da Segunda Guerra Mundial", avalia.
Uma rota de caminhos diferentes
Noite de inverno no bairro de Huckarde, em Dortmund. A torre de resfriamento da fábrica de coque Hansa se sobressai, iluminada num tom amarelo. Apesar da neve acumulada, um grupo de 18 pessoas acompanha Klaus-Peter Schneider por uma visita guiada no monumento industrial.
Debaixo de luzes azuis de neon, o grupo segue a caminho do local onde ficava o carvão que, mais tarde – explica Schneider aos visitantes – era transformado em coque. Construída em 1928, a fábrica de coque Hansa alcançou grande produção nos tempos áureos do carvão mas, em 1992, fechou as portas.
Klaus-Peter Schneider conta que sua própria vida sofreu transformações com a história da Hansa: ele trabalhou na indústria "negra" do carvão, assim como na "branca", química. "Eu não trabalho mais na produção do coque, mas serei sempre um profissional dessa área", admite Schneider, que começou no ramo em 1972.
Depois de carvão e do coque, a próxima parada na Rota da Cultura Industrial visita a história do aço. E as opções são espetaculares: pode-se fazer um passeio virtual por uma fábrica de aço no Museu Hoesch de Dortmund e até mesmo guiar um guindaste. Ou ainda assistir a um filme na antiga Henrischshütte, em Hattingen, ou, quem sabe, escalar os jardins do parque numa antiga fábrica em Duisburg.
A Rota da Cultura Industrial não é como uma rodovia, mas sim um labirinto, em que cada visitante precisa encontrar o próprio caminho.
Autora: Monica Hoegen (np)
Revisão: Marcio Damasceno