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Psicologia para sair da crise

Daniel Wortmann / pc27 de novembro de 2002

A influência de fatores psicológicos sobre a economia é incontestável. O comportamento do mercado, sobretudo em períodos de forte aquecimento ou recessão, é ditado por critérios que estão longe de serem racionais.

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O pessimismo tomou conta dos mercadosFoto: AP

Os freqüentes prognósticos dos institutos de pesquisa econômica são um dos principais fatores psicológicos que influenciam os mercados. Seu papel é determinante, sobretudo nos momentos em que a economia está sob pressão, afirma Günter Wiswede, professor do Instituto de Psicologia Econômica e Social da Universidade de Colônia.

Profecias acentuam as tendências

Dentre os diferentes fenômenos que agem sobre os mercados, os analistas destacam duas tendências: as profecias que se auto-realizam e as profecias que se auto-destroem.

No primeiro caso, são os próprios participantes do mercado que criam uma dinâmica que propicia a realização dos prognósticos. Por exemplo, a previsão de que a conjuntura entrará em recessão acentua a tendência negativa. Os consumidores restringem o consumo e os empresários deixam de investir. Isto provoca, de fato, uma recessão, fazendo com que a profecia se auto-realize.

No segundo caso, os prognósticos podem ter o efeito de reverter a tendência da conjuntura. Este fenômeno acontece, por exemplo, quando a política econômica toma medidas para reagir contra as previsões pessimistas, destruindo portanto o efeito do prognóstico.

O papel dos políticos

Entretanto, os prognósticos só podem basicamente reforçar tendências e não têm o poder de desencadear novos desenvolvimentos, assinala o professor Günter Wiswede. O efeito dos prognósticos depende, é claro, da credibilidade dos institutos de pesquisa econômica.

A economia é influenciada também pelas declarações dos políticos. Por exemplo, os pronunciamentos de Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (o banco central americano), tem efeitos diretos sobre os mercados financeiros mundiais.

O papel da mídia

A influência da mídia sobre a conjuntura econômica vem sendo analisada, desde a década de 80, pela revista britânica The Economist. Ela criou o chamado "fator R" para medir a freqüência com que a palavra "recessão" é usada na mídia. Constatou-se que este fator acompanha exatamente o ciclo da conjuntura na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Nesse caso, também, as tendências econômicas poderiam estar sendo influenciadas por fatores psicológicos.

Admitindo-se portanto a estreita relação entre a psicologia e a economia, coloca-se a questão do que fazer para mudar o comportamento do mercado, a fim de reverter a atual tendência negativa. O professor Wiswede, da Universidade de Colônia, defende o pensamento positivo: "Deveríamos deixar de perceber sempre as coisas negativas. Os políticos, economistas e jornalistas deveriam dar valor às notícias positivas. Só com otimismo poderemos romper este círculo vicioso", conclui Wiswede. Ou seja, através de uma profecia auto-realizadora.