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A pior crise do pós-guerra

lk20 de novembro de 2002

As manchetes negativas se sucedem: a "pior crise dos últimos tempos" é um fenômeno que atinge praticamente todos os setores da economia alemã.

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Este ano não será preciso esperar pela liquidação final de invernoFoto: AP

Nesta quarta-feira (20), foi a vez de o setor das empresas artesanais apresentar seus maus augúrios. As pequenas e médias empresas deste importante segmento contam, até o final do ano, com uma queda de 4,5% no faturamento, em relação a 2001, anunciou Hanns-Eberhard Schleyer, secretário-geral da federação em que elas estão congregadas. O setor de artes e ofícios contribui com cerca de 10% para o valor agregado bruto da economia alemã.

A crise pode resultar no corte de até 300 mil empregos em 2002. O pior é que as perspectivas para 2003 continuam ruins: queda no faturamento entre 1% e 3% e um corte de mais 100 mil a 300 mil empregos.

Não há segmento que se salve

Seja qual for o setor que apresente seu balanço ou fale das perspectivas, a tônica é sempre a mesma. Cerca de dois terços entre 2.754 empresários da hotelaria e gastronomia consultados recentemente reclamaram de queda no faturamento. O setor da construção civil registrou na construção de moradias, de janeiro a setembro, uma redução de 9,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. A listagem poderia prosseguir...

Os que têm um emprego vêem-se ameaçados de perdê-lo; os que estão desempregados têm dificuldade cada vez maior de encontrar nova colocação. Diminui, ao mesmo tempo, o número de pessoas que têm ânimo para abrir um negócio próprio: em 2001, por exemplo, houve 6% menos inscrições para a abertura de microempresas do que em 2000. A tendência decrescente vem sendo registrada desde 1999. A falta de coragem se registra sobretudo na construção civil, no comércio e na prestação de serviços nas novas tecnologias de computação. Neste último setor, que viveu um boom em meados da década de 90, o número de novas inscrições de microempresas caiu 18% de 2000 para 2001. Paralelamente, cresce o número de empresas insolventes: em 2001, 16% a mais do que no ano anterior.

Queima de preços

As notícias negativas sobre a economia, somadas à perspectiva de uma guerra contra o Iraque, levam os consumidores alemães — que são cautelosos por natureza — a se retrair ainda mais, o que resulta num círculo vicioso. Ao contrário do que acontece nos EUA, a demanda interna nunca é um fator capaz de dar um impulso real à economia na Alemanha.

Não é de se admirar, portanto, que o comércio varejista se queixe da maior crise de todo o período pós-guerra, com uma queda real de 3% no faturamento até o final do ano.

Na tentativa de diminuir os prejuízos, a Confederação do Comércio Varejista anunciou uma verdadeira "queima de preços" nas semanas pré-natalinas. Os consumidores não vão precisar esperar até fins de janeiro, quando ocorre a tradicional liquidação final de inverno, para se depararem com promoções tentadoras. Resta ver se eles vão ceder à tentação...