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Polícia indicia jovem marcada com suástica em Porto Alegre

24 de outubro de 2018

Perícia conclui que lesões são superficiais e podem ter sido feitas pela adolescente ou com consentimento dela. Delegado diz que houve automutilação, e advogada de defesa reafirma convicção de que jovem foi atacada.

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Delegado Jardim apresenta o laudo da perícia em Porto Alegre
Delegado Jardim (c) afirmou que houve automutilação, mas descartou intenções políticas no casoFoto: Polícia Civil do Rio Grande do Sul/Divulgação.

A Polícia Civil de Porto Alegre (RS) indiciou nesta quarta-feira (24/10) uma mulher de 19 anos por falsa comunicação de crime. No início do mês, a jovem registrou uma ocorrência relatando que teria sido agredida por três homens que teriam feito uma suástica com canivete no seu corpo.

A imagem do ferimento foi divulgada pela imprensa, e o caso teve repercussão nacional. No entanto, para a Polícia Civil gaúcha há indícios de que o ferimento foi feito ou pela própria mulher ou por uma outra pessoa com o consentimento dela. O caso foi encaminha para a Justiça em Porto Alegre.

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No dia 8 de outubro, a jovem registrou uma ocorrência relatando que teria sido agredida no dia anterior, o domingo do primeiro turno da eleição presidencial. De acordo com o boletim de ocorrência, ela teria na mochila adesivos do movimento LGBT e da campanha #EleNão, que é contrária ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL). Dois homens a teriam imobilizado no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, e um terceiro teria desenhado uma suástica na barriga dela, segundo o relato.

O delegado responsável pelo caso, Paulo Cesar Jardim, disse nesta quarta-feira que os investigadores analisaram câmeras da região onde a mulher afirma ter sido abordada e que ela não aparece nas imagens. Além disso, a Polícia ouviu mais de 20 pessoas e "ninguém viu nada".

Jardim disse ainda que a jovem faz tratamento psiquiátrico e toma remédios. "É uma fragilidade emocional", acrescentou, descartando que ela tenha forjado a situação com intenções políticas. Para ele, houve automutilação.

Um laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) aponta a existência de lesões superficiais, contínuas, uniformes e sem profundidade, em área de fácil acessão do corpo. De acordo com a perícia, a jovem não apresenta sinais de que tenha reagido à agressão, o que seria de se esperar.

"Nesse sentido, pode afirmar-se que as lesões foram produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo com o consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade ou impedimento da vítima em esboçar reação", afirma o laudo.

A advogada da adolescente, Gabriela Souza, destacou que o laudo não descarta a hipótese de as lesões terem sido feitas por uma outra pessoa, "inclusive mediante incapacidade de defesa da vítima". Segundo ela, a perícia reafirma a convicção da defesa de que a jovem foi vítima de um ataque. Ao site G1, ela criticou o que chamou de tentativa de desqualificar a palavra da jovem.

O caso foi encaminhado para a Justiça e a mulher deve responder pelo delito de falsa comunicação de crime. É uma infração de baixo poder ofensivo, com pena prevista de seis meses a um ano.

A imagem do ferimento estampou diversos sites. No dia 12 de outubro, o candidato Fernando Haddad (PT) citou a ocorrência em na sua primeira propaganda eleitoral televisiva no segundo turno. Na peça, relacionava os diversos casos de agressão que ocorreram no Brasil nas últimas semanas ao discurso de incitação à violência de Bolsonaro.

Ao saber do indiciamento, Bolsonaro criticou nas redes sociais a campanha de Haddad e afirmou que se trata de uma notícia falsa.

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