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Parlamento Europeu apoia gás e energia nuclear como "verdes"

6 de julho de 2022

Proposta controversa da Comissão Europeia considera "sustentáveis" investimentos nessas fontes, contanto que usem tecnologias mais avançadas. Iniciativa visa alcançar neutralidade de carbono até 2050.

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Usina nuclear na Alemanha
Apesar de não emitir gás de efeito estufa, energia nuclear preocupa devido aos resíduos altamente tóxicos produzidosFoto: Christian Charisius/picture alliance/dpa

O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira (06/07) uma proposta que classifica o gás natural e a energia nuclear como investimentos "verdes".

A iniciativa, lançada em fevereiro pela Comissão Europeia, considera "sustentáveis" os investimentos em usinas nucleares ou de gás natural para a produção de energia elétrica, contanto que utilizem as tecnologias mais avançadas.

Essa classificação (que recebe o nome de taxonomia) visa ajudar a mobilizar fundos privados para projetos com essas duas matrizes energéticas. A iniciativa é parte do objetivo da UE de alcançar a neutralidade de carbono até o ano 2050.

Uma moção para bloquear a proposta recebeu 278 votos a favor e 328 contra, com 33 abstenções.

O Conselho da União Europeia (UE), que representa os países e é o outro co-legislador do bloco, ainda pode rejeitar a proposta se até 11 de julho forem contra o texto 20 de 27 nações da UE, que representem pelo menos 65% da população do bloco. Isso, entretanto, é considerado pouco provável.

Plano polêmico

A iniciativa teve apoio de um bloco de países favoráveis à energia nuclear comandado pela França, do qual fazem parte também Finlândia, Polônia, Hungria, República Tcheca, Bulgária e Eslováquia. Esse grupo derrotou o bloco antinuclear, que é liderado pela Alemanha e composto também por Áustria, Dinamarca e Luxemburgo.

Algumas entidades ambientalistas e legisladores da UE criticaram o plano, afirmando que ele seria uma "lavagem verde" do combustível fóssil e da energia nuclear.

Gás natural é um combustível fóssil que produz emissões de efeito estufa, mas em grau bem menor que o carvão, e alguns membros da UE veem o produto como uma alternativa temporária frente ao carvão.

Já a energia nuclear não emite CO2, mas produz lixo radioativo, para cujo destino final não foi encontrada uma solução permanente.

Latas em gramado estampadas com símbolo da energia atômica
Adoção da energia nuclear como investimento "verde" é apoiada pela França e tem a oposição da AlemanhaFoto: Eibner-Pressefoto/picture-alliance

A proposta teve o apoio da maioria do Partido Popular Europeu, de centro-direita, a maior bancada do Parlamento Europeu, que confirmou na terça-feira que 107 de seus parlamentares pretendiam votar a favor.

Os legisladores do grupo centrista Renovar a Europa foram amplamente a favor da proposta, enquanto os verdes e os social-democratas se opuseram em sua maioria. Um total de 353 legisladores – a maioria dos 705 legisladores do Parlamento – são necessários para rejeitar um projeto de lei.

Posição dos partidos

A redução no fornecimento de gás russo para a Europa nas últimas semanas desencadeou mais oposição à classificação de gás como sustentável na UE.

Paul Tang, um eurodeputado holandês dos social-democratas, criticou o plano como influenciado pelo "lobby da Gazprom e da Rosneft", ambas empresas estatais russas de energia. Antes da votação, ele pediu um esboço revisado para permitir "uma discussão séria sobre o que é sustentável e quais são as respostas que a Europa precisa dar em segurança energética".

O eurodeputado polonês Bogdan Rzonca, do partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), disse que os países menos ricos da UE precisam de investimentos privados em gás e energia nuclear para poderem abrir mão do carvão. Ele afirmou durante um debate na terça-feira que rejeitar o projeto "resultaria em uma situação em que os pobres só ficariam mais pobres".

Gilles Boyer, deputado francês do grupo Renovar a Europa, disse que atender a demanda de energia com energia renovável a longo prazo "seria o ideal, mas não é possível no momento".

 md/bl (EFE, AFP, DPA, Reuters)