Otan diz que "pior ainda está por vir" na Ucrânia
4 de março de 2022O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta-feira (04/03) que a aliança militar do Atlântico Norte não imporá uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, após os pedidos do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
"O único jeito de implementar uma zona de exclusão aérea é enviar caças da Otan para o espaço aéreo ucraniano, e impor a medida por meio da derrubada de aviões russos", explicou, após uma reunião de emergência com os ministros do Exterior dos Estados-membros.
Kiev havia pedido a medida para ajudar a impedir os bombardeios a várias cidades ucranianas. "Se fizéssemos isso, acabaríamos com algo que poderia levar a uma guerra total na Europa, com o envolvimento de mais países e com muito mais sofrimento humano. Esta é a razão pela qual tomamos essa dolorosa decisão."
Stoltenberg alertou que "os próximos dias serão provavelmente piores, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, enquanto as Forças Armadas russas trazem armamentos ainda mais pesados e continuam os ataques em todo o país".
O ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, lamentou a decisão: "Minha mensagem: ajam agora antes que seja tarde demais. Não deixem [o presidente russo, Vladimir] Putin transformar a Ucrânia em uma Síria. Estamos prontos para lutar, continuaremos lutando. Mas, precisamos de parceiros que nos ajudem agora com ações concretas, resolutas e rápidas", escreveu em seu perfil no Twitter.
Defesa do território da Otan
A Otan reforçou sua presença nos países do Leste Europeu e membros da aliança anunciaram o envio de armamentos para ajudar a Ucrânia a defender a si própria. "Não somos parte desse conflito e temos a responsabilidade de assegurar que a situação não se agrave e se espalhe para além da Ucrânia", afirmou o secretário-geral da aliança.
"Faremos todo o necessário para proteger e defender cada centímetro do território da Otan. A Otan é uma aliança de defesa. Nossa tarefa primordial é manter nossos 30 países em segurança", disse Stoltenberg.
Kiev havia dito que, caso a Otan se recuse a fechar o espaço aéreo ucraniano, os aliados deveriam então enviar aviões e sistemas de defesa antiaérea ao país. Até agora, os países europeus vêm se recusando a enviar aeronaves, prometendo apenas armamentos mais leves e sistemas de mísseis antitanques e antiaéreos.
rc/bl (afp, Reuters)