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O que prometem os partidos antes das eleições britânicas

Robert Mudge
7 de novembro de 2019

Foi dada a largada para a campanha eleitoral no Reino Unido, que promete ser agressiva. O que dizem as três principais forças políticas do país sobre questões-chave que devem afetar também os laços com a UE?

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As bandeiras do Reino Unido e da União Europeia com a Torre da Vitória, situada na extremidade sudoeste do Palácio de Westminster
O Reino Unido terá eleições antecipadas em 12 de dezembro, com o Brexit como tema central do debate eleitoralFoto: Getty Images/AFP/T. Akmen

A campanha para as eleições antecipadas no Reino Unido teve seu início oficial nesta quarta-feira (06/11), com a promessa de ser agressiva. E é claro que, nas semanas que antecedem o pleito de 12 de dezembro, não há como fugir do tema que assombra os britânicos há três anos: o Brexit.

Confira o que as três principais forças políticas britânicas estão prometendo em relação à saída do país da União Europeia (UE) e outros temas.

  • Brexit

Partido Conservador

O primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador Boris Johnson, está determinado em "concluir o Brexit", apesar de não ter cumprido sua promessa de deixar a União Europeia em 31 de outubro.

Nestas eleições, Johnson espera conquistar os eleitores frustrados. Ele tentará vender o pleito como uma chance de garantir a saída britânica da UE para que, uma vez encerradas as incertezas em torno do Brexit, possa avançar para questões cruciais e negligenciadas, como gastos com saúde e educação, e desenvolver uma economia mais robusta.

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson
O conservador Boris Johnson está determinado em "concluir o Brexit"Foto: Großbritannien Premierminister Boris Johnson

No entanto, a intenção dos conservadores de negociar um acordo de livre-comércio com Bruxelas apenas um ano após a saída da UE é vista como uma ilusão. Levou sete anos para o bloco europeu concluir um acordo comercial com o Canadá – visto por muitos britânicos pró-Brexit como um modelo para o Reino Unido. E qualquer tratado precisaria ser assentido pelos 27 Estados-membros restantes da UE antes de entrar em vigor.

Partido Trabalhista

A principal legenda de oposição tem sido acusada de ter hesitado em relação à sua posição sobre o divórcio. Se for eleito, o Partido Trabalhista prometeu "resolver o Brexit" dentro de seis meses após assumir o governo. A promessa foi classificada pelos conservadores de uma "política de conto de fadas".

Em uma tentativa de conciliar eleitores trabalhistas favoráveis e contrários ao Brexit, o líder do partido, Jeremy Corbyn, afirmou que planeja selar um acordo de saída mais interessante com a União Europeia e, em seguida, realizar um referendo no qual os cidadãos poderão votar se apoiam o acordo ou se o Reino Unido deve deixar o bloco sem acordo.

Liberais Democratas

Os Liberais Democratas (LD) tentarão se apresentar como o partido do purismo anti-Brexit, com uma mensagem clara e simples a favor de suspender e revogar o divórcio.

A líder do partido, Jo Swinson, afirma que o discurso da legenda de que o Reino Unido será mais forte como membro da UE tem repercutido entre os eleitores favoráveis à permanência, que enxergam o LD como o único partido com uma política clara em relação ao Brexit.

Embora os Liberais Democratas ainda estejam atrás nas pesquisas, atualmente com 19% das intenções de voto, há indicações de que eles poderiam cooptar eleitores trabalhistas que estão fartos do posicionamento inconsistente de Corbyn sobre o tema.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista
Os trabalhistas, de Jeremy Corbyn, querem abandonar controles de imigração e estender "os direitos de livre circulação"Foto: Reuters/H. McKay

  • Defesa e segurança

Partido Conservador

Sempre que pode, Johnson abraça sua visão de um "Reino Unido global" no pós-Brexit – suas intenções vão desde investir em missões espaciais até impulsionar a construção de navios e modernizar a Marinha Real.

Ainda assim, espera-se que a influência do Reino Unido no cenário mundial diminua, ainda mais ao deixar a UE num momento em que a chamada relação especial com os Estados Unidos tem sofrido contratempos.

No passado, Johnson afirmou que pretende rever os compromissos de defesa e garantir um nível mais fraco de cooperação com a Europa. Em termos de defesa, o Reino Unido é sem dúvida a maior potência da UE e o único Estado-membro, além da França, que pode dizer que possui "todo o espectro" das capacidades militares.

Embora os detalhes de uma relação pós-Brexit permaneçam vagos, uma fonte do governo foi citada como tendo dito que "o relacionamento futuro deve incluir uma relação de segurança que permita ao Reino Unido e à UE combaterem conjuntamente ameaças compartilhadas enfrentadas por nossos cidadãos no país e no exterior".

Partido Trabalhista

O Partido Trabalhista seguirá a tática de ataque, destacando que os números nas Forças Armadas despencaram desde 2010, numa tendência de queda durante nove anos seguidos. Espera-se que o manifesto do partido repita seu compromisso eleitoral de 2017, no qual afirmou manter o programa nuclear britânico Trident e manter a adesão do Reino Unido na Otan.

No entanto, há preocupações, tanto no Reino Unido quanto na União Europeia, de que Corbyn e outros esquerdistas possam recuar nessas promessas caso vençam as eleições.

Liberais Democratas

Os Liberais Democratas devem se concentrar no controle das exportações de armas e enfatizar o valor do multilateralismo e seu compromisso com a Otan e as Nações Unidas.

O porta-voz para assuntos de política externa do partido, Chuka Umunna, disse que não descartaria ingressar na zona do euro caso o Reino Unido permaneça na UE. Ele tem apresentado uma visão de um "núcleo econômico" em torno da Alemanha e de um "núcleo de defesa e segurança" liderado pelo Reino Unido.

Jo Swinson, líder dos Liberais Democratas
Os Liberais Democratas, liderados por Jo Swinson, não descartam aderir à zona do euro caso o Reino Unido fique na UEFoto: picture-alliance/J. Ng

  • Imigração

Partido Conservador

A imigração foi um fator fundamental na campanha pró-Brexit antes do referendo, e os conservadores estão usando isso como munição para mostrar que estão "retomando" o controle de quem pode ou não entrar no Reino Unido.

Para isso, eles pretendem introduzir um sistema baseado em pontos para atrair trabalhadores qualificados, no estilo do australiano. No entanto, os detalhes permanecem vagos e, depois de dispensar diálogos sobre o tema, eles deverão evitar fornecer números específicos que possam prejudicar sua promessa de reduzir a imigração.

Partido Trabalhista

Os trabalhistas querem abandonar os controles de imigração. Em sua conferência, o partido votou a favor de "manter e estender os direitos de livre circulação" e rejeitar um sistema baseado na renda dos imigrantes e na sua utilidade para a economia.

A moção não especificou até que ponto estenderia os direitos de livre circulação, e nem se ela se aplicaria a cidadãos de países que não sejam Estados-membros da UE. O Partido Trabalhista deve apelar para o lado emocional e atacar os conservadores por sua falta de compaixão por imigrantes.

Liberais Democratas

Os Liberais Democratas também atacarão a aparente desconsideração dos conservadores em relação à situação dos imigrantes e refugiados. Eles prometeram permitir que os requerentes de refúgio trabalhem enquanto suas reivindicações estão em processamento, bem como encerrar os limites de renda para os migrantes que entram no país para se juntar a suas famílias.

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