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O livro mais rápido do mundo

Neusa Soliz23 de abril de 2003

Para comemorar o Dia Internacional do Livro, nesta quarta-feira 23/04/03, uma entidade alemã encarou um belo desafio: fazer um livro em apenas 12 horas, desde a sua escritura até a chegada às livrarias.

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"Nós queremos usar meios incomuns para destacar o livro na consciência da opinião pública", diz Heinrich Kreibich, diretor executivo da Stiftung Lesen, uma fundação que se dedica ao fomento da leitura. Cerca de 40 autores estão envolvidos no projeto. Às 8 da manhã deste 23 eles receberam um tema sobre o qual devem escrever, dispondo de duas horas para um breve ensaio, conto ou crônica de duas páginas.

Os textos passarão então pelo procedimento normal de um livro em uma editora, leitor, copydesk, diagramação, etc... Em Weilerwist, perto de Colônia, o volume deverá ser impresso até as 19 horas. Na mesma noite será despachado de trem, de modo que os leitores possam comprá-lo na mesma noite em Frankfurt, Hamburgo, Berlim, Göttingen, Munique e mais cinco cidades, onde haverá leituras em público.

O avesso da rapidez: impressão manual

Somente mil exemplares serão impressos, o que tem sua razão de ser: se no início serão empregadas as técnicas mais modernas, na hora da impressão tudo será feito manualmente pelos funcionários da editora Landpresse, corte e encadernação inclusive. Como o livro mais rápido do mundo merece a resenha mais rápida também, na mesma noite os internautas poderão ler o que escreveu sobre ele o Dr. Lutz Hagestedt, da Universidade de Marburg, na página de crítica literária (www.literaturkritik.de).

Não adianta reclamar que as pessoas estão lendo menos, "é preciso apresentar o livro como um produto que dá prazer e, para atrair a atenção, é válido recorrer ao efeito de supresa que provoca um evento interessante como este", disse Christoph Schäfer. Em entrevista ao diário Kölner Stadt-Anzeiger, de Colônia, Schäfer expôs o que moveu a fundação a realizar o projeto do livro mais rápido do mundo, no qual ele trabalha. Não se trata, segundo ele, de acompanhar a agitação e a velocidade da era em que vivemos, pois na verdade, o livro não será produzido da forma mais rápida possível, pelo menos no que diz respeito à sua impressão. Ao ter sido escolhida uma prensa manual, foi como se os organizadores tivessem "quebrado ironicamente o lema da rapidez", o que tornaria o projeto ainda mais interessante.

Novo leitor salta de livro em livro

Frau ließt ein Buch
Foto: Illuscope

Não houve grandes alterações no hábito de leitura na Alemanha, a medir pelas últimas pesquisas da fundação. Cerca de um terço da população lê intensamente, um terço "consome" entre 3 e 5 livros por ano e um terço nem pega em livro. O que mudou, contudo, foi a forma de se ler. A tendência é mudar de livro como se muda de canal de tevê. Saltam-se certas passagens menos interessantes e o leitor suspende de vez a leitura, se o livro não está agradando.

Também aumenta a diferença entre aqueles a quem os estudiosos atribuem uma alta competência na leitura e os que têm a maior dificuldade em ler até mesmo os textos mais simples. Pesquisas da fundação revelaram a importância da família na formação de hábitos como a leitura. Os déficits nesse aspecto nas escolas primárias também justificam iniciativas como a atual, a fim de despertar o gosto pela leitura nas crianças.

Livro infantil de presente

Das 3 mil livrarias alemãs, 2400 participam ativamente dos eventos em torno do Dia Internacional do Livro. Elas distribuirão 750 mil exemplares de um livro gratuito especialmente editado para a ocasião, intitulado Ich schenk' dir eine Geschichte 2003 (Eu te dou uma estória de presente - 2003). Ele traz, entre outras estórias, contos da Pippi Meialonga e Huckleberry Finn.