Werner Schroeter
13 de abril de 2010Na noite desta segunda-feira (12/04), o diretor alemão Werner Schroeter faleceu na cidade de Kassel, em consequência do câncer de que padecia há anos. No último dia 7 de abril, completara 65 anos de idade.
Nas décadas de 70 e 80, Schroeter se consagrou como enfant terrible, fundador e figura icônica do Novo Cinema Alemão, ao lado de Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e Wim Wenders. No entanto, em parte devido à radicalidade de sua obra, nunca alcançou a popularidade de seus contemporâneos.
O cineasta natural de Bielefeld também se dedicou à direção teatral e de ópera. O gênero lírico é também presença constante em sua obra cinematográfica, o que provam títulos como A morte de Isolda, Retrato de Maria Callas ou A morte de Maria Malibran.
"Grande outsider e mago"
Há já alguns anos seu cinema de caráter experimental e provocador encontrava maior ressonância em países como França, Itália ou Portugal, onde rodou O Rei das Rosas (1986) e Esta noite (2008), sua última produção. No Festival de Veneza de 2008, ele foi agraciado com um Leão de Ouro. Nos últimos tempos, entretanto, delineava-se um novo interesse pelo cineasta na Alemanha. O berlinense Schwules Museum, especializado em assuntos gays, dedica-lhe atualmente uma exposição, aberta até 28 de junho.
Numa Carta de amor escrita para o jornal Tagesspiegel em memória do colega e ex-amante, o diretor Rosa von Praunheim classificou Werner Schroeter como um "grande ousider do filme e dos palcos alemães", um "poeta perverso", mas também "mago da luz e da beleza".
Durante o último Festival Internacional de Cinema de Berlim, Schroeter foi homenageado com um Teddy Award – o prêmio alemão do filme homossexual e transgênero – pelo conjunto de sua obra. Em seu discurso laudatório, o escritor Wolf Wondratschek citou uma observação do cineasta Fassbinder: "Werner Schroeter é o único gênio que a Alemanha mereceria, se não o desprezasse".
Autor: Augusto Valente