Ministro do Interior sugere feriado muçulmano na Alemanha
14 de outubro de 2017O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, foi duramente criticado por correligionários nesta sexta-feira (13/10) por ter sugerido a criação de um feriado religioso muçulmano em algumas regiões da Alemanha.
Durante um evento na cidade de Wolfenbüttel, ele disse que se pode pensar sobre a criação de um feriado muçulmano em regiões onde vivem muitos seguidores do islamismo e lembrou que alguns feriados, como o Dia de Todos os Santos, também só existem onde há muitos católicos.
A declaração provocou duras críticas de políticos dos partidos conservadores União Democrata Cristã (CDU), à qual De Maizière é filiado, e União Social Cristã (CSU). "Introduzir feriados islâmicos na Alemanha está fora de questão para nós", declarou o líder da CSU no Parlamento, Alexander Dobrindt, ao jornal Bild. Segundo ele, a tradição cristã da Alemanha não está em debate.
O vice-presidente da CSU, Manfred Weber, declarou ao Passauer Neue Presse que feriados representam sobretudo o cunho religioso de um país e não grupos sociais específicos. Para ele, a Alemanha tem uma inquestionável tradição cristã.
Na CDU, o especialista em questões sociais Wolfgang Bosbach afirmou não ver motivos para que feriados não cristãos sejam postos sob a proteção de normas legais. "Temos uma tradição judaico-cristã e não islâmica."
Já o presidente do Partido Social-Democrata, Martin Schulz, declarou que a sugestão deve ser considerada e debatida com seriedade. O Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha elogiou a ideia, afirmando que ela favorece a integração dos muçulmanos na sociedade.
Devido às críticas, o Ministério do Interior esclareceu neste sábado que o ministro "estaria disposto a debater sobre feriados muçulmanos isolados em determinadas regiões, mas, de forma geral, ele se atém à convicção de que nossa cultura de feriados tem raiz cristã e nenhuma outra".
O ministério também lembrou que as decisões sobre feriados cabem aos estados e não ao governo federal. "Ou seja, o ministro do Interior não tem qualquer influência sobre a existência ou não de feriados religiosos, incluindo islâmicos."
AS/dpa/afp