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Terrorismo

Líder do Pegida "antecipou" que autor de ataque é tunisiano

22 de dezembro de 2016

Apenas duas horas depois de caminhão avançar sobre feira de Natal, Lutz Bachmann publicou no Twitter que autor era um "muçulmano tunisiano". Polícia nega que tenha havido vazamento de informações.

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Bachmann disse que "conexões" na polícia o informaram sobre a nacionalidade do agressor
Bachmann disse que "conexões" na polícia o informaram sobre a nacionalidade do agressor Foto: Reuters/H. Hanschke

Um post do líder do movimento Pegida Lutz Bachmann, publicado no Twitter nesta segunda-feira (19/12), sugere que ele obteve informações exclusivas da polícia berlinense sobre o atentado a uma feira de Natal.

Duas horas depois do ataque ao mercado de Natal em Berlim, Bachmann afirmou ter informações internas da polícia de Berlim de que o agressor era um tunisiano. Naquele momento, um refugiado paquistanês era detido pela polícia e considerado o principal suspeito de ser o condutor do caminhão usado para invadir a feira. Ele foi liberado depois de ser interrogado.

O ataque com o caminhão, que avançou sobre a praça Breitscheidplatz na capital alemã, matando 12 pessoas, ocorreu em torno das 20h. Às 22h16, Bachmann tuitou a seguinte mensagem: "Informação interna da polícia de Berlim: agressor é um muçulmano tunisiano". Ele afirmou ainda que a informação deve ser verdadeira porque a Procuradoria Federal estava assumindo as investigações.

A polícia negou que o líder do movimento populista tivesse meios de obter informações internas sobre o suspeito e sua nacionalidade. "Isso é impossível", afirmou o porta-voz da corporação, Winfrid Wenzel, nesta terça-feira. Ele assegurou que, na noite de segunda-feira, a polícia não tinha indícios da nacionalidade do autor do atentado. "As investigações da polícia de Berlim encontraram pistas concretas pela primeira vez na tarde de terça-feira, na cabine do caminhão", disse o porta-voz.

Na noite da tragédia, um paquistanês foi detido como suspeito de ser o motorista do caminhão, mas acabou sendo liberado horas mais tarde. Apenas na quarta-feira, a polícia divulgaria que o principal suspeito pelo atentado é o tunisiano Anis Amri, de 24 anos.

Nesta quarta-feira, Bachmann voltou ao Twitter: "Então a minha informação uma hora após o ataque estava, afinal, certa? A polícia busca agora um tunisiano". Horas mais tarde as autoridades emitiram um mandado de busca, tornando oficial a procura por Anis Amri.

O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung informou que, ao ser perguntado numa troca de e-mails com uma jornalista americana sobre como teria obtido informações internas da polícia, Bachmann teria respondido que "é muito simples". "É necessário apenas ter as conexões certas e um whistleblower que esteja cansado das mentiras."

Nesta quinta-feira, Bachmann voltou atrás e desmentiu ter um informante. "Querida imprensa, eu reconheço, claro que eu só tinha a minha bola de cristal e nenhum informante! E agora chega, ok?", escreveu o líder do Pegida.

Recentemente, o Tribunal Regional de Dresden manteve uma multa imposta a Bachmann por incitação ao ódio, após ele se referir aos refugiados no país como "gado", "trastes" e "escória" nas redes sociais. Ele possui registros policiais por crimes como furto qualificado, tráfico de cocaína, dirigir embriagado e por não pagar pensão alimentícia.

RC/rtr/afp/ots