Incentivo à tradução
25 de fevereiro de 2010Dentro e fora da Alemanha, uma instituição se ocupa exclusivamente da preservação do idioma alemão: o Instituto Goethe. O trabalho da organização possibilita que cada vez mais falantes de outras línguas tenham contanto com a cultura alemã. Graças a essa dedicação, mais de 5 mil títulos de diversos gêneros já foram adaptados em diferentes idiomas.
Sabine Erlenwein, responsável pelas traduções do Instituto Goethe, concorda que é difícil competir com autores como Martin Walser, Hans Magnus Enzensberger, Günter Grass e Peter Handke. "Mas há também uma grande curiosidade pela literatura contemporânea", pondera.
Nem todos conseguem o mesmo feito que Daniel Kehlmannn, já traduzido em 41 idiomas diferentes. O caso do escritor de A medida do mundo (Die Vermessung der Welt) é singular, mas indica, segundo Sabine, uma mudança que tem sido observada nos últimos anos.
Sucesso internacional
A literatura alemã está novamente em voga, com certeza também graças à criação, em 2005, do Deutscher Buchpreis, prêmio do livro alemão. Uma nova geração de escritores emergiu desde então. Um exemplo é o jovem literato como Saša Stanišić, de 31 anos: ele estreou com um livro autobiográfico sobre um refugiado da guerra na Bósnia, Como o soldado conserta o gramofone (Wie der Soldat das Grammophon repariert), cujos direitos foram vendidos para 20 países.
Outro fator para essa popularidade, segundo Erlenwein, é uma mudança das formas narrativas em relação aos anos 80, afastando-se do experimentalismo. Ela cita o sucesso de escritores como Uwe Tellkamp (A torre – Der Turm), Marcel Beyer, ou Julia Franck e Uwe Timm, ambos traduzidos para diversas línguas – assim como de todos os romances em torno da queda do Muro de Berlim. "Então se pode dizer que a literatura alemã contemporânea ganhou mais atenção internacional e que isso se reflete no incentivo às traduções", avalia.
O sucesso da literatura alemã é um fenômeno no centro, leste de norte da Europa. No mundo anglófono, as dificuldades são maiores. Apesar de o Instituto Goethe informar os países de língua inglesa e espanhola sobre a atividade literária no espaço germanófono – através da revista News Book in German e do portal Litrix –o interesse nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha foi sempre relativamente reduzido.
O Instituto Goethe cofinancia entre 250 e 300 traduções por ano. Para tal, o Ministério das Relações Exteriores disponibiliza anualmente de 550 mil a 600 mil euros. "Uma soma considerável, mas poderiam tranquilamente ser 200 mil euros a mais, sobretudo considerando a quantidade de pedidos que recebemos", comenta Sabine Erlenwein.
Autor: Knut Cordsen (np)
Revisão: Augusto Valente