Crise na Líbia
7 de março de 2011A União Europeia e as Nações Unidas preparam o envio de equipes de observação para avaliar a situação na Líbia. O ditador Muammar Kadafi assegurou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que permitirá a ida de uma "equipe de avaliação humanitária" das Nações Unidas a Trípoli. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (07/03) por uma porta-voz da ONU, em Nova York. Entretanto, ainda não está certo se outras cidades, além da capital, poderão ser visitadas.
Nomeado enviado especial para a Líbia
Ban nomeou o ex-ministro do Exterior da Jordânia, Abdelilah Al Jatib, como enviado especial para a Líbia. Ele deve começar imediatamente as consultas com as autoridades em Trípoli quanto à situação humanitária no país. A equipe de avaliação será organizada pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA).
A decisão foi tomada depois de uma conversa telefônica entre o secretário-geral da ONU e o ministro líbio do Exterior, Musa Kusa. Ban apelou para que Trípoli cumpra sua responsabilidade na proteção à população e respeite o direito do povo líbio de viver com dignidade e paz.
O secretário-geral teria advertido que qualquer um que violar as leis internacionais será levado à Justiça. Além disso, Ban pediu acesso imediato às vítimas dos bombardeios na cidade de Misrata.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, saudou a nomeação de um enviado especial da ONU para o país árabe. "A comunidade internacional deve também exercer mais pressão sobre o regime líbio", pediu Westerwelle. "O Conselho de Segurança da ONU deve voltar a discutir a situação na Líbia. Outras sanções específicas, como uma paralisação de todos os pagamentos ao regime de Kadafi, devem fazer parte urgentemente da agenda da UE e das Nações Unidas", reivindicou o ministro.
Equipe da UE já está a caminho
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, enviou no domingo uma equipe de especialistas à Líbia, que deverá coletar nos próximos dias informações "em primeira mão" sobre os recentes operações de socorro e fazer uma avaliação sobre quais outras atividades humanitárias são necessárias.
As avaliações sobre a situação local devem ser usadas no preparo da reunião de ministros do Exterior da UE próxima quinta-feira, assim como na cúpula da UE, no dia seguinte.
Apelo por ajuda de emergência
Nesta segunda-feira, a ONU e 17 organizações de ajuda humanitária fizeram um apelo pela doação de 160 milhões de dólares (114 milhões de euros) para ajuda humanitária às vítimas do conflito na Líbia. Parte-se do princípio que até 200 mil pessoas deixarão a Líbia – além das 200 mil que já o fizeram – e que outras 600 mil necessitam de ajuda humanitária no país, informa Valérie Amos, secretária-geral adjunta das Nações Unidas encarregada dos Assuntos Humanitários.
Por sua vez, as ONGs afirmam: "Os 160 milhões de dólares permitirão responder às necessidades atuais e futuras das pessoas que fugiram e das que serão afetadas na Líbia nos próximos três meses".
Apesar dos apelos do Ocidente, o dirigente líbio Muammar Kadafi continua sua ofensiva sangrenta contra os insurgentes, que continuam resistindo e mantêm o controle de grande parte do leste do país. Tanto rebeldes quanto governo relataram sucessos nesta segunda-feira, enquanto o número de mortos e feridos aumenta a cada hora.
A televisão estatal líbia noticiou no domingo que o governo haveria conseguido retomar as cidades de Ras Lanuf, Tobruk e Misrata. Os insurgentes, no entanto, negaram essa informação. Correspondentes estrangeiros em Ras Lanuf confirmaram que a cidade ainda se encontra nas mãos dos rebeldes.
Dezenas de mortos no oeste
O atual ponto central do conflito é Misrata, no oeste do país, a terceira maior cidade do país, depois de Trípoli e Benghazi. Salah Badi, comandante dos rebeldes em Misrata, disse que a situação na cidade estaria tranquila. Durante a noite, as tropas de Kadafi entraram na cidade com 42 veículos militares e sete tanques.
Os soldados do ditador teriam travado severas batalhas contra os insurgentes e depois se retirado da cidade. Dois tanques foram destruídos pelos opositores do regime. Mais de 40 pessoas morreram, de acordo com Badi.
MD/pda/lusa/rtr/ap/afp
Revisão: Augusto Valente