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Crise na Líbia

6 de março de 2011

UE anuncia envio de equipe de observação à Líbia. Berlim pede aumento de sanções contra regime de Kadafi. Rebeldes desmentem supostas vitórias militares do governo anunciadas por TV estatal líbia.

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Em Trípoli houve festejos por supostas vitórias de KadafiFoto: dapd

A representante da União Europeia para Política Externa, Catherine Ashton, enviou à Líbia neste domingo (06/03) uma equipe de observação, incumbida de obter "informações de primeira mão", antes da cúpula dos líderes europeus sobre a crise no país norte-africano.

"Decidi enviar esta missão a fim de ter informação em tempo real, que servirá de base para as discussões que antecedem a reunião extraordinária da próxima sexta-feira", adiantou, em comunicado, a chefe da diplomacia europeia.

A missão é a primeira, de âmbito internacional, a ser enviada para a Líbia desde o início, há duas semanas, da rebelião contra o regime de Muammar Kadafi, e será dirigida por Agostino Miozzo, diretor de resposta a crises e coordenação do serviço europeu de ação externa.

Berlim pede por mais sanções

O principal objetivo da equipe será avaliar a situação humanitária na Líbia, esclarece o comunicado, e fornecer à comunidade internacional mais dados sobre necessidades adicionais do país.

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Banghazi ainda se encontra em poder dos rebeldesFoto: AP

Os chefes de Estado e governo dos países-membros da União Europeia reúnem-se no próximo dia 11 em Bruxelas para discutir a situação na Líbia e no norte de África, em encontro solicitado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy.

Em vista da escalada da violência no país, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, defendeu a aplicação de sanções adicionais contra o regime de Kadafi. "O que acontece na Líbia me deixa extremamente preocupado", disse o político ao jornal Welt am Sonntag. Segundo ele, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deveria voltar a discutir o problema. Observadores temem que a luta ainda continue por semanas ou até meses e mergulhe o país em uma guerra civil.

O ditador líbio exigiu, por outro lado, que a ONU e a União Africana investiguem as revoltas contra seu governo, classificando os ataques de suas milícias contra opositores do governo como "guerra ao terrorismo".

Informações desencontradas

A situação geral na Líbia permanece confusa. Enquanto os seguidores de Kadafi comemoraram no domingo supostas vitórias sobre insurgentes, obtidas em várias cidades do país, os rebeldes desmentiram as notícias de sucessos das tropas governistas.

A Força Aérea da Líbia realizou neste domingo ataques aéreos contra insurgentes nas proximidades da cidade costeira de Sirte, segundo informações de uma equipe de televisão da agência de notícias AP.

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Ashton:missão proverá dados em primeira mãoFoto: AP/dapd

Sirte é considerada um reduto de seguidores do líder líbio Kadafi. A capital, Trípoli, ainda se encontra sob controle do ditador. Adversários do governo têm tentado há dias penetrar nas regiões mais a oeste do país, em áreas controladas por forças leais a Kadafi.

Na manhã deste domingo, centenas de seguidores de Kadafi dispararam salvas de tiros de comemoração em Trípoli, para festejar uma suposta vitória contra insurgentes. A televisão estatal relatou que as forças governamentais haviam retomado várias cidades, incluindo Zawiya, localizada a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, Misurata e Tobruk.

A televisão estatal líbia anunciou ainda que as forças do regime teriam recuperado o controle sobre Ras Lanouf e Misrata, no leste do país, fazendo referências a "manifestações de alegria" em Trípoli, Sirte e Seba, no sul da Líbia.

Tobruk, no leste da Líbia, foi outra das cidades que, segundo a emissora de televisão Al-Libya, simpática a Seif Al-Islma, um dos filhos de Kadafi, foi recuperada pelas forças do regime. Essa informação já foi, contudo, desmentida pelos rebeldes.

Jornalistas confirmam: Ras Lanouf continua com rebeldes

A oposição líbia desmentiu ainda que as forças fiéis a Kadafi teriam recuperado o controle sobre Ras Lanouf e Misrata. "Kadafi disse que as forças tinham recuperado Ras Lanouf, mas ainda estamos aui, como também estamos no oeste", disse o coronel Bashir al-Mograbi, um dos líderes dos rebeldes naquela cidade.

"Não houve combates durante a noite, a cidade está sob nosso controle", acrescentou outro rebelde. Os jornalistas que se encontram no local também confirmam que Ras Lanouf continuava na manhã de domingo sob controle da oposição.

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Westerwelle pediu mais sanções contra regime KadafiFoto: picture-alliance/dpa

Em Misrata, um opositor que falou ao telefone pela cadeia árabe Al-Jaazera desmentiu, por sua vez, que a cidade (situada entre Trípoli e Sirte, ambas nas mãos do regime) tenha sido recuperada pelo regime líbio.

Conselho Nacional pede bloqueio aéreo

A televisão estatal, citando uma fonte militar, também anunciou que as forças fiéis a Kadafi estariam a caminho de Bengazi, no leste do país, berço da insurreição contra o regime. De acordo com a mesma fonte, os militares fiéis a Kadafi estariam preparando uma "grande ofensiva" contra a cidade.

O Conselho Nacional, formado em Bengazi por opositores do regime, apelou à comunidade internacional para que esta determine um bloqueio aéreo sobre o país, para tentar evitar que Kadafi "bombardeie seu próprio povo". A intervenção de tropas estrangeiras em solo líbio continua, entretanto, sendo rejeitada pelos rebeldes. Nos últimos dias, as forças pró-regime realizaram vários ataques aéreos contra opositores do governo.

Marinha alemã leva egípcios para casa


O êxodo dos estrangeiros da Líbia continua. Muitos trabalhadores fugiram pela fronteira do país com a Tunísia, onde o fluxo de refugiados ameaça transformar-se em uma catástrofe humanitária. Por isso, ações internacionais de resgate tentam auxiliar milhares de refugiados a retornar a seus países.

Libyen / Tunesien / Flüchtlinge
Egípcios embarcaram em navio de guerra alemãoFoto: AP

As Forças Armadas alemãs estão envolvidas na operação de socorro. Três navios da marinha alemã estão transportando desde a madrugada do último sábado mais de 400 egípcios em uma viagem que partiu do porto tunisino de Gabes em direção à cidade egípcia de Alexandria.

MD/lusa/dpa/ap/rtr

Revisão: Soraia Vilela