Nova gripe
6 de agosto de 2009Na próxima semana, cerca de 2 mil crianças deverão ser testadas com a nova vacina contra a gripe A (H1N1), informou o diretor-superintendente do hospital universitário de Mainz, Norbert Pfeiffer.
Será testada uma vacina desenvolvida tradicionalmente a partir de ovos de galinha, como também um novo método à base de culturas celulares. Os custos do estudo ficarão por conta da empresa farmacêutica Novartis, que desenvolveu ambas as vacinas.
As crianças que participarão da pesquisa serão vacinadas duas vezes contra a nova gripe num intervalo de quatro semanas. Um ano mais tarde, elas receberão uma dose de reforço. Para o estudo, o hospital universitário de Mainz procura crianças a partir de 6 meses de idade.
Grupo de risco
O médico Markus Knuf, chefe da avaliação clínica do hospital, afirmou que o contágio com o vírus H1N1 é muito frequente em idade infantil. Além disso, dados do México, dos EUA e do Reino Unido levantam a suspeita de que a transmissão da gripe suína ocorra principalmente através de crianças. Por esse motivo é importante que menores de idade participem dos testes com a nova vacina.
Segundo Knuf, a gripe suína é bem mais perigosa para pessoas mais jovens do que uma gripe sazonal – e também bem mais ameaçadora do que um teste com a vacina.
"Claro que efeitos colaterais não desejados estão sendo esperados. Não se trata, no entanto, de testes com uma vacina cujos efeitos são desconhecidos. Existe uma série de estudos preliminares, de forma que se pode dizer com grande responsabilidade que essa vacinação não será problemática", comentou.
Estudo em adultos
O pesquisador Frank von Sonnenburg é o responsável pela coordenação do estudo que testa a vacina em adultos. O professor da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, defendeu os testes contra críticos que consideram a gripe suína menos perigosa que outras gripes.
Segundo ele, a vacinação se justifica mesmo que morra somente uma entre 10 mil pessoas. "Caso tenhamos, como é de se esperar, uma elevada taxa de infecção da população, calculamos ao menos de 2 mil a 4 mil mortes".
Von Sonnenburg alertou que, apesar de a evolução mundial da gripe suína estar sendo definitivamente branda, metade das vítimas fatais eram pessoas jovens e saudáveis. "E acho que isso justifica o direito das pessoas de serem vacinadas e protegidas", alertou.
A conta da vacina
Segundo a edição desta quinta-feira (06/08) do jornal alemão Bild, no entanto, após a fase de testes, a aplicação da vacina contra gripe suína na Alemanha poderá implicar um aumento da mensalidade dos planos de saúde, a partir de 1° de outubro próximo, caso as empresas responsáveis pelo seguro saúde obrigatório tenham que arcar com os custos da vacinação.
O jornal aludiu a uma declaração da federação dos planos de saúde da Alemanha (GKV), na qual afirma-se que "até que não haja nenhum financiamento através de impostos, seria uma alternativa ajustar no transcurso do ano a taxa geral de contribuição, com previsão para entrar em vigor a partir de 1º de outubro de 2009".
Segundo a GKV, somente os custos da vacinação girarão em torno de 1 bilhão de euros. Um custo administrativo adicional de 125 milhões de euros incidirá sobre os planos de saúde, caso as empresas tenham que localizar entre seus segurados – como previsto pelo governo – aqueles pacientes de risco com determinadas doenças crônicas.
As seguradoras afirmam ainda que haverá grande desperdício de vacinas, caso a vacinação não seja efetuada pelos postos de saúde do governo. As vacinas são bastante perecíveis e estarão disponíveis somente em pacotes com dez doses. Se médicos de família vacinarem somente alguns poucos pacientes, eles terão que jogar fora o restante das doses, afirmam as empresas.
Os estados alemães já encomendaram 50 milhões de doses da vacina, o suficiente para imunizar 25 milhões de pessoas.
Autor: CA/dw/dpa
Revisão: Alexandre Schossler