Gripe suína
21 de julho de 2009A gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína, espalha-se em ritmo cada vez maior pela Alemanha. O Instituto Robert Koch (RKI) anunciou em Berlim, nesta segunda-feira (20/07), que, até a sexta-feira passada, 1.469 infecções haviam sido registradas no país.
O levantamento anterior, feito no dia 15 de julho, apontara 834 casos. Segundo o RKI, o grande aumento pode ser explicado por uma mudança técnica no registro de novas infecções e pelo retorno de turistas alemães que estavam em férias, principalmente na Espanha. O instituto ainda não pôde constatar se o intenso crescimento dos casos de gripe suína é uma tendência que irá perdurar no país.
Através da mudança técnica, passaram a ser considerados casos não comprovados em laboratório, mas nos quais as pessoas tiveram contato com outros pacientes cuja contaminação fora diagnosticada clinicamente. "De um modo geral, a evolução das contaminações tem ocorrido de forma branda na Alemanha", explicou o instituto. Especialistas preveem novos casos no país. Caso a doença se propague, acredita-se num curso mais sério das novas infecções.
Na Alemanha, o primeiro caso da doença foi constatado em 29 de abril último. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados nesta terça-feira (21/07) em Genebra, desde abril deste ano cerca de 700 pessoas morreram em consequência da nova gripe no mundo.
Segundo cientistas alemães, uma vacina contra a doença deverá estar disponível somente a partir do outono europeu deste ano. A Alemanha planeja vacinar inicialmente 22,5 milhões de pessoas.
Propagação em férias
Nesta segunda-feira, especialistas do hospital universitário de Düsseldorf advertiram que cada vez mais pessoas em férias se contaminam com o vírus da gripe suína. "Queimadura de sol e álcool enfraquecem o sistema imunológico", disseram. Segundo Dieter Häussiger, diretor da clínica de gastroenterologia, hepatologia e infectologia do hospital de Düsseldorf, o fato "não é novidade, mas é frequentemente esquecido no contexto de infecções de influenza".
Também por estar em contato com cada vez mais pessoas, o vírus se propaga agora mais rapidamente do que no começo da onda de contaminações. No último final de semana, em 170 testes realizados em casos de suspeita de gripe suína, o hospital de Düsseldorf constatou 23 casos positivos. Desses, 22 eram de pessoas que haviam voltado de férias na Espanha, onde quatro infectados já morreram.
Devido à rápida propagação da nova gripe, médicos alemães aconselham viajantes em férias a vacinar-se preventivamente contra outras doenças, como a hepatite A e o sarampo – dependendo do destino de viagem. Infecções simultâneas aumentam drasticamente o risco de uma evolução séria da doença.
Aviso aos viajantes
Thomas Löscher, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas e Medicina Tropical da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, explicou que a "maioria das pessoas que até agora morreram em consequência da nova gripe estavam enfraquecidas por outras doenças".
Na região do Mediterrâneo, na Europa Oriental e no Norte de África, existe um elevado risco de infecção com a hepatite A, através de alimentos contaminados como moluscos e crustáceos, disse o professor de Munique. Viajantes que partem para essas regiões devem se prevenir, explicou.
No Reino Unido, a gripe suína se espalhou rapidamente, afirmou Löscher. Além disso, no noroeste do país há casos frequentes de sarampo. Turistas com esse destino de viagem devem se vacinar contra o sarampo caso não tenham tido a doença ou ainda não tenham sido vacinados, explicou.
O Reino Unido é o país europeu mais afetado pelo vírus da nova gripe. O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (CEPCM) registrou 10 mil casos no país. Segundo dados de autoridades britânicas, 29 pessoas já morreram por causa da gripe suína.
População despreocupada
Apesar da crescente propagação da gripe suína, a população da maioria dos países está pouco preocupada com a doença, constatou um estudo divulgado pelo jornal francês Le Figaro no último sábado (18/07). Na Alemanha, segundo a pesquisa, somente 14% dos entrevistados se declararam "pessoalmente afetados" pela doença. Na média, esse índice entre os entrevistados gira em torno dos 28%.
Entre os 19 países entrevistados, os chineses (64%), bolivianos (59%), argentinos (41%) e franceses (40%) estão entre os mais preocupados. A pesquisa realizada com 18.550 pessoas de 19 nações constatou que os países menos preparados para enfrentar a nova gripe – segundo a opinião dos entrevistados – são Bolívia, Argentina, Rússia e Estados Unidos.
CA/dpa/ap/epd/afp
Revisão: Alexandre Schossler