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FutebolOceania

Futebol feminino: Brasil aposta na preparação para a Copa

24 de julho de 2023

Para a seleção brasileira feminina de futebol, a competição começou com uma goleada de 4 a 0 sobre o Panamá. Mesmo sem favoritismo, a equipe deposita as esperanças na preparação feita antes do início do torneio.

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A capitã da seleção brasileira de futebol feminino, Rafaelle de Souza, aparece com uma camiseta de treino da equipe.
Rafaelle de Souza é a capitã do Brasil na Copa do Mundo de Futebol Feminino, que ocorre na Austrália e na Nova ZelândiaFoto: MAURO PIMENTEL/AFP

Na concentração do Brasil na região de Gold Coast, leste da Austrália, o clima era de alegria. Foi em um luxuoso resort cinco estrelas que a seleção brasileira ficou hospedada antes de partir para Brisbane, distante pouco mais de 50 quilômetros.

Um caminho de pedras sobre um lago levava a um saguão próximo ao local destinado aos treinos, onde o time jogou uma série de partidas destinadas a manter o ânimo e o ritmo elevados até o começo da competição.

Comandada pela treinadora sueca Pia Sundhage, o Brasil chegou à Austrália três semanas antes da estreia contra o Panamá, nesta segunda-feira (24/07), que teve vitória brasileira por 4 a 0 no estádio Hindmarsh Stadium, em Adelaide, com três gols de Ary Borges e um de Beatriz João.

Como França e Jamaica empataram sem gols, o Brasil lidera o Grupo F com três pontos. Sábado, às 7h (de Brasília), o Brasil encara a França em Brisbane.

"Planejamos isso há muito tempo. E chegamos aqui bem antes, na verdade, se compararmos com muitas outras equipes. Estamos muito felizes com este lugar. É maravilhoso, basta olhar ao redor", disse Lilie Persson, assistente de Sundhage, à DW, ainda na concentração, na Gold Coast.

A outra nação sul-americana considerada potência no futebol, a Argentina – a única a vencer a Copa América além do Brasil, que conquistou o troféu em oito das nove edições –, começou perdendo para a Itália por 1 a 0 também nesta segunda-feira. Alguns membros da equipe chegaram apenas cinco dias antes da estreia em Auckland, na Nova Zelândia.

Jogadoras da seleção brasileira de futebol feminino estão perfiladas, com a primeira-dama Janja da Silva à frente na imagem.
Antes da Copa, jogadoras e comissão técnica da seleção brasileira receberam a primeira-dama, Janja da SilvaFoto: AFP

Preparação é peça-chave

Ainda que o Brasil não seja considerado um grande favorito para ganhar a Copa, a esperança da delegação está depositada justamente na preparação pré-Mundial.

"Estamos aqui há 10 dias e tivemos mais duas semanas de treinamentos no Brasil com as jogadoras que atuam na Europa. Portanto, acho que isso [a adaptação] não será um problema para nós", disse a capitã Rafaella à DW onze dias antes da partida de estreia.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está longe de ser impecável no tratamento às jogadoras de futebol, mas talvez a preparação da seleção, desta vez, tenha sido tão boa quanto a de qualquer outra equipe de ponta.

Para Persson, a incapacidade, ou a falta de vontade, de outras federações sul-americanas de seguir o exemplo atrasa o continente.

"Há algumas federações ruins que não permitem que as equipes se preparem profissionalmente" afirmou, destacando que é impossível comparar algumas associações com o trabalho já avançado de federações europeias, por exemplo.

Críticas da ex-goleira argentina

Enquanto o Brasil e outras seleções tradicionais têm buscado avançar em termos de preparação, Gaby Garton, goleira que representou a Argentina na Copa do Mundo de 2019, disse à DW que os preparativos questionáveis da Associação de Futebol Argentino sugerem um "retrocesso".

"Na França [na edição de 2019], chegamos a Paris cerca de 10 dias antes do início do torneio", lembrou ela, de Melbourne, onde atualmente joga pelo Melbourne Victory.

Ela também acredita que há um problema geracional em termos de preparação da seleção argentina: "Acho que o problema com a minha geração e as anteriores é que você tem esse 'complexo de gratidão', em que você está feliz [apenas] por estar lá. [...] Mas as gerações mais jovens estão chegando como profissionais, algumas delas já jogando no exterior e vendo coisas melhores, e dizendo: 'Não, não, isso não está certo, nós merecemos mais, o padrão deveria ser mais alto'."

A ex-goleira da seleção argentina, Gabriela Garton, aparece com uma camisa azul de treino da Argentina, durante um treino, com uma bola.
Goleira da seleção argentina na Copa de 2019, na França, Gabriela Garton critica a Associação de Futebol ArgentinoFoto: Juan Marbomata/AFP

Garton, que agora também atua no sindicato global The World Players Association (Associação Mundial de Jogadores), decidiu que poder falar sobre essas questões, além de ela atualmente ter um filho, valia mais do que uma possível viagem para a Copa do Mundo.

Estefania Banini seguiu caminho semelhante. Indiscutivelmente, ela é a melhor jogadora de futebol da Argentina. Atacante do Atlético de Madri, foi banida da equipe por três anos depois de criticar o técnico e a federação após a Copa do Mundo de 2019. E só retornou durante as eliminatórias para a Copa do Mundo 2023.

"Se você se manifestar, não apenas será silenciada, mas também estará arriscando sua chance de representar a Argentina. As jogadoras estão em uma posição complicada, porque você tem que fazer uma cara feliz e dizer 'sim, estamos muito animados para o torneio e agradecidos por tudo o que a federação está fazendo por nós'", concluiu Garton.