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Entenda como o sistema Patriot pode ajudar a Ucrânia

22 de dezembro de 2022

Os EUA prometeram a Kiev o envio de sistemas de defesa antiaérea que deverão ser usados contra ataques russos à infraestrutura civil e podem mudar o curso da guerra. O que é o Patriot e por que a Ucrânia precisa dele?

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Sistema Patriot
Sistema Patriot é fabricado pelo conglomerado americano aeroespacial e de defesa RaytheonFoto: Sebastian Apel/U.S. Department of Defense/AP/picture alliance

Os Estados Unidos planejam enviar para a Ucrânia unidades do sistema de defesa antimísseis Patriot para reforçar a defesa do país europeu contra os ataques russos à infraestrutura ucraniana, anunciou a Casa Branca.

Segundo um funcionário do governo americano, que falou anonimamente, o Patriot "será um recurso crítico na defesa do povo ucraniano contra os ataques bárbaros da Rússia à infraestrutura crítica da Ucrânia".

A decisão americana envia ainda uma forte mensagem a Moscou e aos aliados europeus de que o governo em Washington está pronto para enviar parte de seu armamento de defesa antimíssil avançado para ajudar Kiev na luta contra os invasores russos.

O que é o sistema de mísseis Patriot?

Fabricado pelo conglomerado americano aeroespacial e de defesa Raytheon, o MIM-104 Patriot é um sistema de mísseis superfície-ar (SAM) inicialmente desenvolvido para interceptar aeronaves que voam alto. Em 1980, o sistema foi modificado para focar na nova ameaça de mísseis balísticos táticos.

Os sistemas Patriot possuem baterias de mísseis totalmente móveis que incluem um centro de comando, uma estação de radar para detectar ameaças, além de lançadores. Segundo a think tank americana Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), o atual míssil de intercepção para o sistema custa aproximadamente 4 milhões de dólares (cerca de R$ 20 milhões) por bateria, e os lançadores custam cada um cerca de 10 milhões de dólares (R$ 52 milhões).

Essas baterias de mísseis americanas são regularmente utilizadas ao redor do mundo. Além disso, os Patriots são operados ou estão sendo adquiridos por Alemanha, Holanda, Japão, Israel, Arábia Saudita, Kuwait, Taiwan, Grécia, Espanha, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Catar, Romênia, Suécia, Polônia e Bahrein.

A Raytheon planeja continuar atualizando o sistema até pelo menos 2048. As baterias Patriot atuais protegem contra mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones, aeronaves e "outras ameaças" que a empresa não especifica.

Esses são alguns dos armamentos usados pela Rússia para bombardear a Ucrânia. As forças russas, porém, também possuem dispositivos menores, como minidrones de voo rasante, que são mais difíceis de rastrear e interceptar pelo sistema Patriot.

Segundo as Forças Armadas da Alemanha, o sistema Patriot cobre uma área de cerca de 68 quilômetros. Seu radar tem capacidade para rastrear até 50 alvos e atacar cinco deles ao mesmo tempo. Dependendo da versão em uso, os mísseis de intercepção podem atingir uma altitude de mais de 2 quilômetros e acertar alvos a 160 quilômetros.

Segundo o CSIS, cerca de 90 soldados são necessários para operar uma unidade do Patriot. A Casa Branca afirmou que treinará militares ucranianos para o uso do sistema. O treinamento deve levar algum tempo e ocorrer num país terceiro.

Por que Kiev quer o Patriot?

A Ucrânia vem repetindo os apelos aos países ocidentais por sistemas de defesa antiaérea sofisticados a fim de proteger sua infraestrutura de energia civil contra os ataques russos. Recentemente, numa reunião do G7, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu aos líderes especificamente armamentos de defesa aérea.

"Infelizmente, a Rússia ainda tem vantagem na artilharia e em mísseis", afirmou Zelenski na ocasião.

No final de novembro, o ministro ucraniano do Exterior, Dmytro Kuleba, afirmou que o sistema Patriot era "o que mais a Ucrânia precisava" para proteger a infraestrutura de energia e acabar com os apagões.

Quais sistemas estão em uso na Ucrânia atualmente?

Para combater os mísseis de cruzeiro de voo baixo e drones kamikazes Shahed-136, a Ucrânia usou vários sistemas de defesa antiaérea de curto alcance, o Buks e o S-300s – de fabricação russa – e os mísseis americanos mais antigos Hawk, além de sistemas SAM modernos como o NASAMS.

Mas as ofertas de lançadores e mísseis de sistemas SAM modernos são escassas. Por exemplo, os EUA não podem mais enviar nenhum sistema NASAMS até o final do próximo ano.

A maior contribuição do Patriot é no combate a mísseis balísticos táticos de voo alto. A Rússia ainda não usou muitos deles na guerra na Ucrânia, mas isso pode mudar se adquiri-los do Irã. Os Patriots se revelaram muito eficazes na Arábia Saudita contra os mísseis iranianos disparados do Iêmen.

Qual foi a reação de Moscou?

A Rússia já havia alertado os EUA para não fornecerem os Patriots para a Ucrânia. Como outras armas pesadas, elas se tornariam "alvos prioritários legítimos", disse a porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, acrescentando que isso expandiria significativamente o envolvimento dos Estados Unidos no conflito.

Quantidades crescentes de ajuda militar dos EUA, incluindo a transferência de tais armas sofisticadas, "significariam um envolvimento militar ainda mais amplo nas hostilidades e poderiam acarretar possíveis consequências", ressaltou Zakharova.

cn (DW)