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Ucrânia "nunca se renderá", diz Zelenski nos EUA

22 de dezembro de 2022

Em primeira viagem internacional desde o início da guerra, presidente ucraniano afirma que conflito é ameaça à democracia global em discurso a legisladores americanos.

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Zelenski discursa, com Kamala Harris e Nancy Pelosi ao fundo
"A Ucrânia está viva e lutando", disse Zelenski aos membros da Câmara dos Representantes e do Senado reunidos no Congresso dos EUAFoto: Carolyn Kaster/'AP Photo/picture alliance

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, ressaltou nesta quarta-feira (21/12) em discurso diante do Congresso americano que o dinheiro enviado pelos Estados Unidos a seu país "não é caridade", mas "um investimento na liberdade" e na "segurança global".

Zelenski destacou que a Ucrânia "nunca se renderá" à Rússia e que, "contra todas as probabilidades", o o país ainda está de pé, depois de ser recebido com entusiasmo pelos congressistas, que o aplaudiram de pé em diversos momentos durante seu pronunciamento no Capitólio dos Estados Unidos. 

"A Ucrânia está viva e lutando", sublinhou. "A tirania russa já não tem qualquer controle sobre nós", acrescentou o líder ucraniano num discurso em inglês de 20 minutos, que fechou a primeira viagem dele ao exterior desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

"Teste para a democracia"

Zelenski ressaltou que o que está em jogo no conflito é maior do que apenas o destino do seu país, salientando que a democracia em todo o mundo está sendo testada. "Esta batalha não pode ser ignorada, à espera que o oceano ou qualquer outra coisa forneça proteção", frisou, agradecendo aos americanos pelo apoio e a liderança internacional na ajuda à Ucrânia.

Em referência ao moderno sistema de defesa antiaérea Patriot, que os EUA vão entregar a Kiev, Zelenski disse esperar que este ajude a "parar o terror russo contra as cidades" ucranianas.

O discurso do presidente ucraniano diante do Congresso americano acontece enquanto os legisladores dos EUA trabalham para aprovar um pacote de gastos governamentais de 1,7 trilhão de dólares (R$ 8,8 trilhões), que inclui quase 45 bilhões de dólares (R$ 234 bilhões) em ajuda militar e humanitária para a Ucrânia.

Isso garantiria que o apoio dos EUA continue no próximo ano e além, após os republicanos assumirem o controle da Câmara em janeiro.

Os EUA também fornecerão à Ucrânia uma ajuda de segurança adicional de 1,85 bilhão (R$ 9,6 bilhões) de dólares, que inclui o moderno sistema de defesa antimísseis Patriot.

O líder ucraniano presenteou os legisladores americanos com uma bandeira ucraniana autografada pelas tropas da linha de frente em Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde as tropas ucranianas e russas travam há meses uma batalha feroz.

Zelenski disse aos membros do Congresso que o próximo ano será um "ponto de virada" no conflito, "quando a coragem ucraniana e a determinação americana devem garantir o futuro de nossa liberdade comum — a liberdade das pessoas que defendem seus valores".

Zelenski discursa enquanto a vice-presidente americana, Kamala Harris (e.), e a líder da Câmara, Nancy Pelosi (d.), seguram uma bandeira ucraniana com assinaturas de soldados ucranianos ao fundo.
Zelenski entregou ao Congresso uma bandeira ucraniana autografada por combatentes ucranianos do front de batalha em BakhmutFoto: Carolyn Kaster/AP Photo/picture alliance

Encontro com Biden na Casa Branca

O discurso perante o Congresso foi a segunda parada da visita a Washington, depois de Zelenski ter sido recebido na Casa Branca pelo presidente americano, Joe Biden, onde recebeu garantias de apoio duradouro por parte dos EUA.

"Continuaremos a reforçar a habilidade ucraniana de defender a si mesma, particularmente, na defesa aérea", disse Biden ao lado de Zelenski no Salão Oval afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, estaria "tentando usar o inverno no Hemisfério Norte como arma, mas o povo ucraniano continua a inspirar o mundo".

"Digo isso com sinceridade, [o povo ucraniano] não apenas nos inspira, mas também a todo o mundo com sua coragem e pelo modo como escolheram a resiliência e determinação em prol de seu futuro"

O ucraniano, por sua vez, agradeceu Biden pelo "enorme apoio e liderança através da Europa". "Acho muito difícil compreender o que significa quando dizemos que estamos agradecidos, mas vocês devem sentir isso", afirmou.

Zelenski presenteou Biden com uma medalha do mérito militar que seria entregue a um capitão ucraniano, um "herói verdadeiro", segundo afirmou, que opera sistemas de defesa Himars nas frentes de batalha. "Ele é muito corajoso, e pediu que eu entregasse [a honraria] ao corajoso presidente", afirmou.

Mais tarde, os dois líderes realizaram uma conferência de imprensa conjunta, na qual Biden assegurou que a Ucrânia jamais ficará sozinha e ressaltou que o país "luta por algo muito maior". 

"Não se preocupe, presidente, estaremos com a Ucrânia enquanto a Ucrânia existir", disse o americano ao colega. "Juntos, não tenho dúvidas de que manteremos luminosa a chama da liberdade e essa luz continuará a prevalecer sobre as trevas."

Lembranças de Churchill

Parlamentares americanos compararam visita de Zelenski, pouco antes do Natal, com a presença do ex-premiê britânico Winston Churchill no Capitólio, em dezembro de 1941, dias após o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, que levou os EUA a entrarem na Segunda Guerra Mundial.

"É particularmente tocante para mim estar presente quando outro líder heroico falar ao Congresso em tempos de guerra, com a própria democracia ameaçada", disse a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.

md/rk (Lusa, Reuters, AFP, AP, DPA)