Em Berlim, Scholz e Macron reafirmam apoio à Ucrânia
9 de maio de 2022O presidente da França, Emmanuel Macron, foi recebido pelo chanceler federal alemão, Olaf Scholz, em Berlim nesta segunda-feira (09/05), em sua primeira visita oficial depois de ser reeleito para mais cinco anos à frente do governo francês.
Na pauta do encontro estavam a guerra na Ucrânia e a soberania europeia, com atenção especial para as áreas da defesa e energia. Segundo o gabinete de Macron, também seriam discutidos no encontro questões envolvendo a relação europeia com os países dos Bálcãs e as políticas do continente relacionadas à China.
A visita de Macron a Berlim como seu primeiro compromisso internacional após a reeleição é um sinal importante da amizade e parceria franco-alemã. Após a reunião dos dois líderes, Macron disse que a amizade entre as duas nações é, hoje em dia, mais importante do que nunca.
Nova entidade europeia
Horas antes, durante as comemorações do chamado Dia da Europa em Estrasburgo, o francês havia proposto um novo modelo de organização política para aproximar os países europeus que compartilham os valores da União Europeia (UE).
Ele disse que o processo de adesão da Ucrânia à UE poderá levar décadas, e sugeriu a criação de meios para aproximar do bloco as nações cujos valores se assemelhem aos de Bruxelas.
"A União Europeia [...] não deve ser o único meio de estruturar o continente europeu em curto prazo", disse Macron, ao propor o que chamou de Comunidade Política Europeia, que poderia convidar países que não integram a UE ou que, como o Reino Unido, a deixaram.
Segundo o francês, essa nova organização abriria espaço para as nações democráticas da Europa reforçarem a cooperação em segurança, energia, transporte, investimentos, infraestrutura e movimentação de pessoas.
A UE afirmou que divulgará em junho uma primeira avaliação do pedido de adesão ao bloco feito por Kiev. Uma vez que o status de país candidato seja concedido à Ucrânia, o processo de adesão poderá se arrastar por anos. Cada um dos 27 Estados-membros do bloco possui poder de veto, não somente no que diz respeito à adesão final, mas também ao início e fechamento das etapas de negociação.
As 27 nações vêm apoiando em conjunto a resistência ucraniana à invasão de seu território pela Rússia, com a adoção de sanções econômicas sem precedentes. Os líderes, porém, estão divididos quanto à rapidez do processo de entrada da Ucrânia no bloco, assim como o tempo necessário para romper a dependência do fornecimento de fontes de energia vindas da Rússia.
Scholz: Kiev merece "resposta honesta"
Em Berlim, Scholz e Macron reforçaram o apoio a Kiev. "Apoiamos a Ucrânia moralmente, financeiramente e militarmente", disse o líder alemão. "Não podemos aceitar que as fronteiras europeias sejam modificadas através da violência. Faremos de tudo para garantir que a guerra não se espalhe para outros países, e para reforçar nossas capacidades militares", enfatizou.
"Vamos também reforçar nossas posições conjuntas em termos de defesa e política externa", completou Macron. "A guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia tem um impacto profundo em todos nós, em nossos cidadãos, e na Europa."
O chanceler federal alemão afirmou ser importante que a Ucrânia receba uma "resposta honesta" de Bruxelas sobre o tempo que o processo de adesão poderá levar, e afirmou que a proposta de Macron para a criação de uma nova entidade europeia é "bastante interessante, para lidarmos com esse grande desafio que enfrentamos".
Scholz, entretanto, ressaltou que a UE não deve interromper os processos de adesão que foram iniciados, como, por exemplo, no caso da Macedônia do Norte.
Ao lado de Macron, o líder alemão ressaltou a importância do resultado das eleições na França, onde uma clara maioria votou a favor da Europa.
rc (AP, DPA)