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Bayern, o salvador da lavoura alemã na Champions League

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
14 de dezembro de 2021

É constrangedor que a Bundesliga, com sua organização, seus belos estádios e uma torcida que antes da pandemia lotava as arenas quebrando recordes de público, tenha só uma equipe de peso no torneio, escreve Gerd Wenzel.

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Jogador Sané chuta a bola em frente ao goleiro e ao lado de dois adversários do Barcelona
Sané marca o 2x0 para o Bayern na Allianz Arena contra o Barça pela Liga dos CampeõesFoto: MIS/imago images

Diz o ditado popular que os números não costumam mentir. No caso específico do Bayern, a afirmação é verdadeira não apenas no que se refere ao consumo interno na Bundesliga, mas a equação pode ser aplicada também ao cenário europeu e quiçá mundial.

Na Champions League, por exemplo, desde 2012, o clube da Baviera disputou três finais, vencendo duas, além de chegar a quatro semifinais e duas quartas de final. Nesse período, foi eliminado nas oitavas de final apenas uma única vez (2019). Além disso, venceu o Mundial de Clubes em 2013 e 2020.

Nenhum outro clube alemão sequer chegou perto de tal desempenho nos últimos dez anos. Na maioria das vezes, seus concorrentes como Schalke 04 e Leverkusen já foram caindo pelas tabelas o mais tardar na primeira fase do mata-mata. Apenas Borussia Dortmund e o novato Leipzig foram mais longe uma vez ou outra. Os aurinegros inclusive chegaram a disputar o título europeu com o próprio Bayern em 2013.

Isto posto, com a eliminação de Dortmund, Leipzig e Wolfsburg da Liga dos Campeões, o futebol alemão se vê mais uma vez na lamentável contingência de ser representado apenas por um único clube na fase aguda da competição. Enquanto isso, a Inglaterra vai mandar a campo quatro representantes, e a Espanha terá três equipes. Portugal, França e Itália serão representados por dois clubes cada. Os países com um único clube na próxima fase do torneio são Holanda, Áustria e, enfim, a Alemanha.    

Bayern atropelou os concorrentes

É constrangedor que a Bundesliga, com toda sua organização, seus belos estádios e uma torcida que antes da pandemia lotava as arenas quebrando um recorde de público atrás do outro, tenha apenas uma única equipe de peso no torneio. 

Na atual temporada, o Bayern atropelou seus adversários europeus (Barcelona, Benfica e Dynamo Kiev) na fase de grupos. Foram seis vitórias, 22 gols marcados, apenas três sofridos. De todos os outros 31 participantes, apenas Liverpool e Ajax Amsterdam fizeram campanha similar.  

Enquanto o Bayern passeava soberano pela fase de grupos, Borussia Dortmund e Wolfsburg não se cansaram de passar vergonha. Os aurinegros de Dortmund chegaram em terceiro lugar no seu grupo atrás de Ajax e Sporting Lisboa. Os "lobos" de Wolfsburg, por sua vez, amargaram um último lugar atrás de Lille, Salzburg e Sevilla. Nem para os play-offs da Liga Europa conseguiram se classificar. 

O Leipzig ao menos pode argumentar, e com razão, que diante de Manchester City e Paris St. Germain não há muito o que fazer, a não ser lutar bravamente e sair de campo de cabeça erguida após uma derrota. Pelo menos, acabou ficando em terceiro no seu grupo e vai disputar os play-offs da Liga Europa contra o Real Sociedad da Espanha. 

Esse trio Dortmund, Leipzig e Wolfsburg vai ter que arcar com pesado prejuízo financeiro, debilitando suas contas. Os três não contarão mais com o considerável volume de dinheiro que poderia ser auferido na Champions, seja por participação ou por vitórias nas etapas seguintes além do montante referente a direitos de TV.

Altas somas à vista

No caso do Borussia Dortmund, vale lembrar que o contrato do seu principal astro, o atacante norueguês Erling Haaland, determina uma multa rescisória no valor de 75 milhões de euros que entrará em vigor logo depois do encerramento da temporada 21/22, ou seja, em maio do ano que vem. Como de hábito, a diretoria aurinegra poderá cogitar negociar o atacante para compensar seu prejuízo financeiro decorrente da eliminação prematura da equipe na Champions League.

Enquanto isso, Leipzig e Wolfsburg provavelmente terão que pedir um aporte de capital das empresas mantenedoras (respectivamente RB e VW) para poder manter seu elencos milionários. Caso contrário, de uma forma ou de outra, terão que reduzir sua folha mensal de salários dos jogadores para equilibrar as contas.

O Bayern, evidentemente não tem esses problemas que afligem os seus concorrentes. Muito pelo contrário. Por sua campanha impecável na Liga dos Campeões, já auferiu 78,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 500 milhões).

Caso cheguem a disputar a final, os bávaros terão recebido pouco mais de 120 milhões de euros. Com tanto dinheiro em caixa, terão salvo não apenas sua própria lavoura, mas, de quebra, a lavoura do futebol alemão representado pela Bundesliga, que há pelo menos dez anos sempre coloca em campo um dos favoritos ao título.

Pelo que se observou até agora, não será diferente desta vez.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.