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A nova casa de máquinas da seleção alemã

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
12 de outubro de 2021

Joshua Kimmich e Leon Goretzka são os novos motores da "Mannschaft". Apostando na dupla de meio-campistas tida por muitos como uma das melhores do mundo, Hansi Flick já garantiu cinco vitórias e a vaga na Copa do Catar.

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Kimmich e Goretzka comemoram vitória sobre a Romênia
Kimmich e Goretzka comemoram vitória sobre a Romênia Foto: Fabian Bimmer/REUTERS

Toni Kroos se aposentou da seleção alemã logo depois do fracasso da Mannschaft na Eurocopa 2021, quando a equipe foi eliminada pela Inglaterra nas oitavas de final. Foi uma decisão certa no momento certo. Ele já havia manifestado há algum tempo o desejo de dedicar mais tempo à família. Sua saída acabou abrindo o caminho para a reestruturação da tetracampeã mundial, especialmente no que diz respeito ao seu meio de campo.

Durante muitos anos, Kroos não apenas deixou sua marca no meio-campo alemão, mas impregnou o jogo da Nationalelf  como um todo. Ele foi o protagonista central do time, ditando o seu ritmo. Quem não se lembra do seu predominante papel no jogo contra o Brasil pela semifinal da Copa de 2014, quando participou direta ou indiretamente dos primeiros cinco gols da Alemanha, decretando assim a derrota brasileira no Mineirão?

Ele foi o motor da equipe durante anos. Suas qualidades são cantadas em prosa e verso mundo afora. Se alguém quisesse saber como estava a seleção, bastava prestar atenção em Kroos durante um jogo. Caso estivesse jogando bem, a equipe também estava. Caso contrário, o time sentia a "ausência" dele. Matthias Sammer, campeão da Europa com a Alemanha em 1996, o considera "um dos maiores organizadores em campo que o futebol alemão já teve em sua longa história".

Kroos encerrou sua carreira na seleção, e consequentemente surgiu um vácuo de poder no meio-campo central da Alemanha.

Kimmich como substituto de Kroos no meio-campo

Não é de hoje que Joshua Kimmich pleiteia o posto de sucessor de Kroos para assumir o papel de dirigente desse setor. Na  Eurocopa 2021, porém, o então técnico Joachim Löw preferiu escalar o bávaro na lateral direita e manter Kroos no meio-campo central.

Kroos foi embora, Löw também, e há mudanças de ares na Mannschaft que já foram sentidas nas cinco partidas pelas eliminatórias europeias para a Copa do Catar. Não foi apenas pelos resultados (5 vitórias e passaporte carimbado), mas também pela forma de jogar do time.

Para compor a espinha dorsal de sua equipe, Hansi Flick está jogando as suas fichas na dupla de meio-campistas do Bayern formada por Kimmich e Leon Goretzka. Os dois compõem uma dupla no meio-campo que muitos consideram uma das melhores do mundo. Qualidades como dinamismo, garra, técnica, inteligência, visão de jogo e perigo de gol – estão todas lá nesse duo que promete. E não é pouco.

Se antes o motor da equipe era Toni Kroos, agora, sob nova direção, o time vai poder contar com dois motores. É a nova casa de máquinas da Nationalelf. Flick espera que, assim como fazem no Bayern, os dois juntos agreguem excepcional valor à equipe, tanto defensiva como ofensivamente.

Foi exatamente o que aconteceu na difícil partida contra a Romênia na última sexta-feira (08/10). Se na primeira etapa Kimmich ficou devendo, assim como a equipe em geral – o placar lhe era adverso 0x1–, no segundo tempo tudo mudou.

Hansi Flick
Hansi Flick espera que, assim como fazem no Bayern, Kimmich e Goretzka agreguem excepcional valor à equipe, tanto defensiva como ofensivamenteFoto: Federico Gambarini/dpa/picture alliance

Decidido, Kimmich assumiu a responsabilidade pelo jogo. De acordo com o whoscored.com (site de dados de jogos de futebol), o meio-campista teve 160 contatos com a bola (a equipe romena teve, ao todo, 420), sendo 143 passes, dos quais 91% chegaram ao seu destino, e ainda deu quatro key passes, ou seja, passes que resultaram em finalizações.

Além disso, cobrou todas as faltas e bateu todos os escanteios, um dos quais resultou no gol da vitória, marcado por Thomas Müller. E o mais importante de tudo: com sua forma aguerrida de atuar no segundo tempo, proporcionou ao time uma nova dinâmica, que lhe assegurou uma vitória dramática, mas merecida. 

Seu companheiro no Bayern, Goretzka não deixou por menos. Foi ele que iniciou a jogada com um drible na linha da grande área que resultou no gol de empate (Gnabry) e foi ele que, de cabeça, serviu a Thomas Müller para decretar o placar de 2x1. Não bastasse isso, ainda deu três key passes.

Vaga garantida na Copa do Catar

Hansi Flick sabe que ainda tem muito trabalho pela frente. Depois da vitória sobre a Macedônia do Norte nesta segunda-feira (11/10) por 4x0, a Alemanha já está garantida na Copa do Catar, que se realizará daqui a pouco mais de um ano. Flick se tornou o primeiro técnico na história da seleção alemã a obter cinco vitórias nos seus primeiros cinco jogos como comandante do time. Não é pouca coisa.    

Jogadores da seleção alemã comemoram classificação para a Copa do Mundo de 2022, após vitória sobre a Macedônia do Norte
Jogadores da seleção alemã comemoram classificação para a Copa do Mundo, após vitória sobre a Macedônia do NorteFoto: Nikolay DOYCHINOV/AFP

Livre da pressão pela classificação, Flick terá tempo agora para estruturar a equipe, que ainda carece de acertos no setor defensivo, além de continuar carecendo já há algum tempo de um atacante matador tipo Miroslav Klose. 

Uma coisa, porém, é certa: a casa de máquinas do time com aqueles dois motores chamados Kimmich e Goretzka já está funcionando a todo vapor e vai determinar o ritmo do time daqui para frente.  

Esperem só para ver.    

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.