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Alemanha volta a permitir venda de armas para Arábia Saudita

10 de janeiro de 2024

Medida encerra veto ao envio direto de armamentos ao país, imposto após o assassinato em 2018 do jornalista dissidente Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul.

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Míssil Iris-T em exposição dentro de prédio
Berlim deu luz verde para o envio a Riad de 150 mísseis ar-ar Iris-TFoto: Daniel Karmann/picture alliance/dpa

A Alemanha afirmou nesta quarta-feira (10/01) que aprovou a venda de mísseis à Arábia Saudita, encerrando um bloqueio às exportações diretas de armas para o país que vigorava desde 2018.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, confirmou uma reportagem do semanário alemão Der Spiegel. A revista havia informado que Berlim deu luz verde para o envio a Riad de 150 mísseis ar-ar Iris-T.

"Os detalhes da reportagem são precisos", reconheceu Hebestreit, falando durante uma coletiva de imprensa rotineira do governo. Ele acrescentou que os mísseis Iris-T podem "ser disparados de aeronaves contra alvos aéreos, isto é, mísseis, drones e assim por diante".

O consentimento para a exportação dos mísseis, fabricados pelo grupo alemão Diehl Defense, foi concedido no final do ano passado, segundo a Der Spiegel.

A aprovação marcou uma mudança na posição da Alemanha em relação às exportações de armas para a Arábia Saudita, num momento em que Riad desempenha um papel importante na região, atualmente abalada pelas guerras em Gaza e no Iêmen.

A Alemanha proibiu a exportação de armas para a Arábia Saudita após o assassinato em 2018 do jornalista dissidente Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul.

Os partidos que formam o governo alemão – social-democratas, verdes e liberais – assinaram um acordo de coalizão dizendo que não aprovariam exportações para países envolvidos na guerra no Iêmen, entre eles a Arábia Saudita.

Mas Berlim relaxou a sua posição, com o governo elogiando a "abordagem construtiva" da Arábia Saudita no conflito entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas.

Mulher segura cartaz com uma foto em preto e branco de Jamal Khashoggi
Protesto em frente à embaixada saudita em Paris, em 2018, após a morte de Jamal KhashoggiFoto: imago/IP3press/A. Morissard

"Arábia Saudita é chave na segurança de Israel"

Durante visita a Israel no domingo, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que a Arábia Saudita não renunciou aos planos de normalizar as relações com Israel desde o início da guerra com o Hamas. Ela disse também que Riad fez esforços para interceptar mísseis disparados contra Israel por rebeldes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen.

"A Arábia Saudita é um apoiador chave para a segurança de Israel, mesmo nos dias de hoje, e está ajudando a conter o risco de uma conflagração regional", frisou Baerbock.

Berlim disse na segunda-feira que também poderá permitir a exportação para a Arábia Saudita de jatos Eurofighter, usados pelos militares do país para abater mísseis disparados pelos rebeldes houthis.

Até agora, a Alemanha vinha usando seus direitos de veto em projetos de cooperação com outros parceiros, incluindo os Eurofighters, construídos pela empresa britânica BAE. A Arábia Saudita tem atualmente 72 caças desse tipo, que agora podem ser armados com mísseis Iris-T.

Os rebeldes houthis vêm bombardeando Israel com mísseis e drones e atacando navios que passavam por uma rota marítima vital do Mar Vermelho, alegando agirem em solidariedade à Gaza.

​md/le (AFP, Lusa, DPA)