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Alemanha suspende vendas de armas para Arábia Saudita

19 de novembro de 2018

Sanções atingem também vendas de armamentos já aprovadas. Berlim impõe ainda restrições de viagem a 18 cidadãos sauditas suspeitos de envolvimento na morte do jornalista Jamal Khashoggi em consulado na Turquia.

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Bildkombo Saudi-Arabien | Jamal Khashoggi & Mohammed bin Salman
O jornalista Jamal Khashoggi (esq.) e o princípe Mohammed bin Salman. Agências de inteligência ocidentais apontam que o governante foi o mandate do assassinato

O Ministério da Economia da Alemanha anunciou nesta segunda-feira (19/11) a suspensão da venda de armas e outros equipamentos militares para a Arábia Saudita. A medida também atinge vendas que já haviam sido aprovadas pelo governo alemão.

Já o Ministério do Exterior do país europeu anunciou a imposição de proibições de viagem a 18 cidadãos sauditas. A proibição vale para todo o espaço de Schengen e foi definida com a França e o Reino Unido (que não integra o espaço de livre circulação de Schengen).

As duas medidas são uma resposta à morte do jornalista e dissidente Jamal Khashoggi, que foi morto em outubro no consulado saudita em Istambul, na Turquia. O episódio abriu uma crise entre o governo saudita e seus aliados ocidentais. Agências de inteligência da Europa e dos EUA apontam que o mandante do crime foi o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, também conhecido pela sigla MbS.

Em outubro, após a revelação do caso, o governo alemão já havia anunciado a suspensão da autorização de novas vendas de armamento militar para o regime saudita, mas ainda não tinha esclarecido se a medida atingiria negócios previamente aprovados. Agora, a ampliação da suspensão deve atingir em cheio contratos já fechados, incluindo a venda de 20 barcos de patrulha que estão em construção num estaleiro do estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.

O governo alemão não identificou quem são os 18 sauditas que devem ficar impedidos de entrar na Alemanha e no espaço de Schengen, que inclui 26 países da Europa. Mas o governo alemão apontou que o grupo inclui 15 agentes de um comando que teria sido enviado para Istambul para cometer o crime e mais três suspeitos de participação na morte e ocultação do cadáver. O corpo do jornalista não foi localizado.

"As circunstâncias em que aconteceu esse horrível crime ainda não foram esclarecidas de modo satisfatório", disse o porta-voz do governo da chanceler federal Angela Merkel, Steffen Seibert. Já o Ministério do Exterior reiterou que a Alemanha exige um "esclarecimento transparente" do ocorrido "segundo os padrões de um Estado de Direito".

Na semana passada, os EUA já haviam anunciado restrições de viagem semelhantes a 17 sauditas suspeitos de ligação com o crime. Ao contrários dos alemães, os americanos divulgaram a lista de atingidos, que inclui Saud al-Qahtani, um assessor de MbS, e Mohammed Alotaibi, cônsul-geral da Arábia Saudita em Istambul. As medidas tomadas por Washington foram consideradas incomuns, já que o governo saudita é um aliado dos Estados Unidos.

No domingo (18/11), o ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar, disse que os acusados pelo crime podem ter deixado a Turquia com as partes do corpo de Khashoggi. "Uma possibilidade é que eles tenham deixado o país de três a quatro horas após o assassinato. Eles podem ter levado o cadáver desmembrado de Khashoggi dentro da bagagem sem enfrentar problemas devido à imunidade diplomática", disse Akar.

JPS/efe/afp/dpa

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