Alemanha julga membro do "EI"
15 de setembro de 2014Começou nesta segunda-feira (15/09), em Frankfurt, o primeiro processo contra um membro do "Estado Islâmico" (EI) na Alemanha. A procuradoria-geral acusa o jovem Kreshnik B., de 20 anos, de fazer parte de um grupo terrorista internacional e de planejar um crime contra o Estado quando estava na Síria. O alemão com ascendência kosovar foi preso no aeroporto internacional de Frankfurt em dezembro de 2013.
"É uma acusação significativa, não é pouca coisa", afirmou o juiz do Tribunal Superior Regional de Frankfurt, Thomas Sagebiel, antes de propor ao acusado uma pena mais suave em troca de confissão, além de responder a diversas perguntas sobre os motivos de sua passagem pela Síria. Kreshnik poderia então receber uma pena de acordo com o código penal juvenil, de três anos e três meses até quatro anos e três meses de prisão. "Não queremos destruir o seu futuro", explicou o juiz.
No primeiro dia do processo, o acusado não se pronunciou. Mas seu advogado, Mutlu Günal, confirmou que Kreshnik vai depor na sexta-feira. "Nós vamos dar o depoimento juntos", disse Günal, e enfatizou que seu mandante mostrou, com o regresso voluntário da Síria, ter revisto suas decisões. "Ele não é uma pessoa perigosa", concluiu o advogado. Observadores acreditam que o jovem vai dar um depoimento completo e com detalhes.
Após a leitura das acusações, duas gravações de conversas telefônicas foram apresentadas. Nelas, Kreshnik conversa com a família e aparenta insegurança. A irmã tenta convencê-lo a retornar à Alemanha e o acusa: "Você é jovem, burro e ingênuo".
De clube judeu a muçulmano radical
Curioso é o fato de Kreshnik ter atuado por um clube de futebol judeu na adolescência, o Makkabi Frankfurt. Em entrevista a uma rádio, o presidente do clube, Alon Meyer, referiu-se a ele como um "jogador bom e social e que tinha orgulho em carregar a estrela de Davi no peito".
A promotoria parte do princípio que Kreshnik se converteu ao Islã em 2011. Ele teria ido a Istambul em julho de 2013, e de lá seguiu para a província síria de Aleppo. Lá ele teria jurado lealdade a uma unidade de combatentes estrangeiros, adquirido uma arma e participado de treinamentos de tiros. Berisha teria feito serviços médicos e de segurança, cooperado em recrutamentos e participado de alguns combates contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
A conduta do jovem não é incomum na Alemanha. O número de jovens que vão à Síria cresce. Desde o início dos conflitos, em 2011, mais de 400 deixaram a Alemanha, segundo dados governamentais. Cerca de cem teriam retornado, e em torno de 25 teriam tido experiências de combate. Também por isso, o ministro do Interior, Thomas de Maizière, proibiu todas as atividades relacionadas ao "Estado Islâmico" na Alemanha, na última sexta-feira.
PV/afp/dpa