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Tensão pós-eleitoral no Quénia continua

AP | AFP | Reuters | cvt
14 de agosto de 2017

Líder da oposição, Raila Odinga, pediu a apoiantes para não irem trabalhar até ao anúncio de uma nova estratégia para contestar resultados das presidenciais. Presidente reeleito, Uhuru Kenyatta, apela à calma.

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Polícia reprime protesto em Mathare, na periferia de NairobiFoto: Getty Images/AFP/T. Karumba

O Presidente reeleito do Quénia, Uhuru Kenyatta, alertou que o Governo não vai tolerar protestos violentos e apelou aos apoiantes da oposição para apresentarem as suas queixas sobre os resultados das eleições presidenciais à Justiça.

Kenyatta exortou ainda a polícia a usar de moderação ao lidar com os manifestantes e com a fúria que eclodiu no país desde que foi anunciado o vencedor das presidenciais de 8 de agosto.

Kenia Oppositionsführer Raila Odinga im Mathare slum in Nairobi
Raila Odinga durante discurso em Mathare, no domingo (13.08)Foto: Reuters/S. Modola

"Continuo a apelar àqueles que, por uma ou outra razão, rejeitaram o resultado, a seguirem o princípio de que, no final do dia, somos todos quenianos. Não precisamos de lutar uns contra os outros. Não precisamos de tirar vidas", defendeu o Presidente.

A Comissão Eleitoral declarou Kenyatta como vencedor das eleições da semana passada, com uma vantagem de 1,4 milhões de votos. Rejeita ainda que o processo de votação e contagem tenha sido manipulado, como acusou o líder da oposição, Raila Odinga. Os observadores internacionais louvaram o processo eleitoral no Quénia.

Mas, em Kibera, na periferia de Nairobi, Odinga fez um discurso aos seus apoiantes no domingo (13.08). O líder da oposição descartou recorrer à Justiça para resolver o impasse eleitoral e convocou uma greve no país.

"Amanhã, não devem sair de casa. Não há trabalho amanhã. Na terça-feira vou dar uma orientação sobre o que precisamos de fazer", declarou Odinga.

Polizei in Nairobi Kenia Proteste
Polícia do Quénia diz ter alvejado criminosos que atacaram os seus agentes Foto: Reuters/T.Mukoya

Pouca adesão

A resposta à convocação de Odinga foi fraca em várias zonas. A maioria dos 45 milhões de habitantes do Quénia depende do trabalho informal para sobreviver, e muitos moradores da capital voltaram a trabalhar esta segunda-feira. A polícia de Nairobi assegura que a vida voltou ao normal depois das eleições e que os moradores da capital estão "seguros".

Em Mathare, uma base da oposição na periferia de Nairobi, algumas barracas de rua estavam fechadas e outras abertas.

Na cidade de Kisumu, alguns moradores também voltaram ao trabalho. O mototaxista Julius Odhiambo disse que não teve outra escolha: "Eu trabalho no setor informal, por isso, não posso simplesmente ficar em casa. Estou aqui, mas honestamente esta cidade está de férias. Queremos que Raila [Odinga] nos dê boas notícias, que possam ajudar os quenianos no futuro", apelou Odhiambo.

Quénia greve OL - MP3-Stereo

Pelo menos 19 mortos

Enquanto isso, alguns setores da sociedade apelam a Raila Odinga que reconheça a derrota para que o país possa estabilizar.

De acordo com a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quénia, financiada pelo Estado, a polícia matou, pelo menos, 24 pessoas em protestos e confrontos violentos que eclodiram desde a votação de 8 de agosto. Mas a polícia nega ter matado tantas pessoas, afirmando que alvejou criminosos que atacaram os seus agentes.

A Cruz Vermelha do Quénia confirmou a morte de, pelo menos, 19 pessoas e disse que tratou 93 feridos.

Os números oficiais da Comissão Eleitoral mostram que Kenyatta ganhou com 54,3% dos votos, à frente de Odinga, que obteve 44,7%. Quase 80% dos 19 milhões de eleitores registados participaram na votação, de acordo com o órgão.