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Zambézia: Subida do preço do combustível preocupa população

2 de novembro de 2021

Cidadãos na província moçambicana da Zambézia estão preocupados com o recente aumento do preço dos combustíveis no país quando já se nota o encarecimento de alguns produtos alimentares.

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Parque dos transportadores de passageiro, Mopeia - Quelimane.Foto: Marcelino Mueia/DW

A subida de preço do combustível no passado dia 21 de outubro apanhou de surpresa muitos cidadãos em Moçambique. O aumento varia entre 7% a 22%, de acordo com a região, conforme anunciado pelo Governo há duas semanas.

Em Quelimane, capital provincial da Zambézia, o litro da gasolina passou de 63 meticais para 73 meticais, cerca de um euro e 2 cêntimos.

Os impactos deste aumento já se fazem sentir e prejudicam os cidadãos, como, por exemplo, o residente em Morrumbala, Vasco Sozinho.

"A vida esta caótica, os nossos avós confiavam muito na agricultura. Agora, na agricultura, se não tens dinheiro não fazes nada. Para teres boa machamba dependes do trator, o trator depende do combustível e o combustível agora está a subir e o dono do trator vai aumentar preço", desabafa o morador.

Transportes afetados

Mas o impacto do aumento dos combustíveis promete também afetar outros setores. Na área dos transportes, a maioria dos transportadores de passageiros de muitas rotas rodoviárias para o interior da província ameaça agravar dentro de poucos dias o preço das tarifas por causa da subida do preço do combustível.

"Daqui a Mopeia são 250 meticais, o equivalente a 4 euros. Por dia conseguimos sair com três carros. O combustível sobe e vamos ver se também subimos para 300 meticais por cada passageiro ou então o negocio não rende. Óleo de travão, de motor e os pneus estão a subir", explica o transportador Afonso Victor.

Uma previsão também feita por Bernardo Mário. "Estamos à espera da associação dos transportes que está a negociar [com o Governo]. A nossa taxa de Mopeia a Quelimane é de 250 meticais, se subisse pelo menos para 300 iria nos ajudar. Com esta subida de combustível o negócio não rende, só trabalhamos para comprar combustível", lamenta.

Street vendors - informal commerce | Zambezia Province, Mozambique
Preços de produtos alimentares estão mais caros, dizem os popularesFoto: Marcelino Mueia/DW

Alimentos mais caros

No entanto, alguns produtos alimentares já estão também mais caros. O litro de óleo de cozinha, por exemplo, que custava 120 meticais, agora está a 180 meticais (2,50 euros) em alguns estabelecimentos. Ou, por exemplo, 25 kgs de arroz estava a 1.250 meticais e hoje passou a 1.350, cerca de 20 euros.

Uma situação que preocupa o residente Vasco Sozinho. "Os preços estão a rebentar muito, todos os produtos estão a subir. Se falamos também de cerveja, pior, que é o produto mais consumido na província. A subida de combustível piorou a situação, o Governo deveria analisar isso. Eles não compram nada, comem a favor do impostos da população. Para eles não dói nada, o que esta acontecer para eles é normal", queixa-se.

O economista Robon David confirma o que a população está a observar: nos últimos dias o poder de compra reduziu drasticamente desde o agravamento do preço de combustível.

"Há consumidores que não têm essa capacidade de comprar os produtos [de primeira necessidade]. Não tendo a capacidade de fazer as compras, procuram um produto substituto, e o que acontece é [que há um] menor número de consumidores e maior oferta no mercado. O produto vai permanecer muito tempo sem compradores. Houve o agravamento de combustíveis e muitos estão a vender as suas motorizadas porque não têm a capacidade de compra", explica David à DW.

Governo discorda...

Mas, a diretora da Indústria e Comércio da Zambézia, Vera Godinho, explica que a variação de preços de produtos no mercado nacional está associada às taxas de importação.  

"Na semana passada visitamos alguns estabelecimentos em que as coisas estão a subir de um modo geral, isso não tem a ver só connosco. Nós, como país, algumas coisas não temos cá, temos que importar e tudo isso começa a ter outras conjunturas".

A Inspeção de Atividades Económicas da Zambézia prometeu avançar detalhes da variação dos preços de produtos na próxima sexta-feira.