"Não é fácil": Transportadores lamentam efeitos da greve
6 de novembro de 2024Valgy Alberto é transportador de um semicoletivo, vulgo chapeiro, e exerce as suas atividades dentro da cidade de Nampula.
À DW, conta que, antes da greve, encaixava 4.500 meticais, o equivalente a 65 euros, mas atualmente não chega aos 43 euros: "Tem sido difícil, porque a grande guerra tem sido lutar para conseguir a receita que os nossos patrões nos pedem, e temos famílias por cuidar."
"Sem passageiros, não tem sido fácil realizar este trabalho", lamenta.
Januário Inácio, que também é transportador, lamenta o atual cenário. "Eu peço para que haja entendimento entre as partes envolvidas nas manifestações, de modo a continuarmos a trabalhar", apela.
Apesar destas queixas, os transportadores do trajeto interdistrital e provincial dizem que a atividade continua a fluir.
Amisse Momade faz o trajeto rodoviário que liga a cidade de Nampula ao distrito de Mogovolas e conta que as manifestações, convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane contra a "fraude eleitoral", não lhe trouxeram quaisquer prejuízos.
"Continuo a viajar normalmente", afirma. "E quando se fala das manifestações, eu também estou de acordo, porque estamos a lutar pelo país, e é isso que o povo quer."
CTA diz que existência "pode estar comprometida"
Mas o vice-presidente do Pelouro de Políticas Fiscais, Aduaneiras, e Comércio da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Edgar Chuze, considera a situação dos transportes "preocupante".
"Sem transportes, não teremos combustíveis para fornecedores de água, não teremos acesso aos provedores de energia, não teremos medicamentos nos hospitais. E se nos questionarmos o que a falta de transporte pode afetar, a minha resposta seria: Toda a cadeia de valor."
"A nossa existência pode estar comprometida", acrescenta Chuze.
O responsável acredita que as consequências graves das manifestações já se fazem sentir na economia. "O facto de os empresários e agentes económicos estarem a fechar [as empresas] e abandonarem o nosso país, conjugando com o fenómeno das manifestações e raptos, isso tem criado um impacto muito negativo na nossa economia.
"Por isso, o Governo deveria fazer tudo para colmatar estes atos, principalmente o vandalismo", diz.
O diretor provincial dos Transportes e Comunicações, Emiliano Maliquela, que não quis gravar entrevista com a DW, admite que a situação está a afetar os transportadores dos municípios. O secretário de Estado de Nampula, Jaime Neto, desencoraja os jovens a aderir aos protestos.
A província de Nampula tem estado calma e sem tumultos nos últimos três dias.