Moçambicanos protestam em Berlim por causa das eleições
6 de novembro de 2024Em entrevista à DW, Ernane Belém, secretário do partido PODEMOS na Alemanha, revelou que a marcha de moçambicanos que vai ocorrer hoje em Berlim irá passar pela chancelaria federal e terminará diante da Embaixada de Moçambique.
A manifestação será em repúdio à situação em Moçambique, decorrente da divulgação dos resultados eleitorais das eleições de 9 de outubro, e ao desrespeito à liberdade de expressão e aos direitos humanos. Os protestos
"Pretendemos alertar aos embaixadores, neste caso ao embaixador e ao Cônsul de Moçambique, para que faça chegar a quem o nomeou, que é o Presidente da República, a mensagem de que tenha atenção ao que está a acontecer”, disse em entrevista à DW África.
DW África: Qual é o objetivo desta manifestação?
Ernane Belém (EB): O objetivo é chegar à embaixada, apresentar o nosso repúdio pela situação que tem acontecido com o povo moçambicano. A liberdade de expressão e os direitos humanos têm sido cooptados neste momento.
DW África: A marcha tem início na porta de Brandemburgo. O que é que vai acontecer nesse primeiro momento de concentração?
EB: Um protesto com cartazes para mostrar também ao povo alemão que tem algum interesse pelo povo africano, que tem algum interesse por outras nações, para que eles possam ver o que está a acontecer. Isso é muito importante para nós.
DW África: Pretendem também fazer um ato diante da Chancelaria Federal. Qual será a mensagem que pretendem enviar ao Chanceler alemão, Olaf Scholz?
EB: Pretendemos mostrar ao Chanceler da Alemanha o que se está a passar em Moçambique, porque temos visto o silêncio de alguns países europeus. Precisamos de lhes mostrar o que está a acontecer e talvez nos deem um bocado de atenção, nos deem ouvidos e olhem pelo que está a acontecer em Moçambique. Quando entramos na parte dos direitos humanos, entramos na parte do Norte. Alguém tem que dar um basta. Alguém tem que dizer para que se façam as coisas diplomaticamente, através do diálogo, e para que se pautem pela legalidade.
DW África: A marcha termina diante da Embaixada de Moçambique em Berlim. O que é que espera alcançar junto à embaixada?
EB: Eu, pessoalmente, estive em reunião na Embaixada antes do dia das eleições. Eu estive lá e depois no dia das eleições também estive lá. Fui um dos delegados de candidatura. Pela lei, a Embaixada é um departamento da CNE [Comissão Nacional de Eleições]. Se a embaixada é a CNE, é à CNE que a gente deve pedir satisfações do que está a acontecer em Moçambique em questões eleitorais. Ao mesmo tempo, a embaixada é a parte que nos liga a Moçambique e é o único sítio onde podemos chorar sempre que faltar algo ao povo moçambicano. Pretendemos alertar aos embaixadores, neste caso ao embaixador e ao cônsul de Moçambique, para que faça chegar a quem o nomeou, que é o Presidente da República, a mensagem de que tenha atenção ao que está a acontecer.
DW África: Pretendem continuar com futuros protestos na diáspora?
EB: Nós estamos juntos com o povo moçambicano. Esta dor é nossa, esta dor é do povo. Estaremos unidos e estamos à espera do próximo passo. Foram 25 tiros que tiraram a vida a Elvino Dias; então serão 25 dias em que o Governo de Moçambique vai ter de aprender a respeitar a vida do outro.