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Vários mortos nas manifestações em Moçambique

nn | Lusa
2 de novembro de 2024

Várias cidades de Moçambique foram este sábado (02.11) palco de protestos contra os resultados eleitorais. Há registo de, pelo menos, sete mortos, segundo dados avançados pelo Centro para Democracia e Direitos Humanos.

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Protesto em Maxaquene, a 24 de outubro
Moçambique tem sido palco de protestos na sequência da divulgação dos resultados eleitorais do sufrágio de 9 de outubroFoto: Alfredo Zuniga/AFP

Moçambique acordou este sábado para um conjunto de protestos em várias zonas do país que culminarem na morte de, pelo menos, 7 pessoas.

A atuação violenta da Polícia da República de Moçambique (PRM) estende-se a várias regiões do país. Em Namialo morreram pelo menos 4 pessoas e em Nampula há registo de três óbitos, ambas as localidades na província de Nampula, avança o Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD).

Segundo o CDD, a PRM "continua a violar o direito à manifestação do povo que protesta por justiça eleitoral em Moçambique".

Também a marcha pacífica levada a cabo pela comunidade islâmica na baixa da cidade de Maputo, em Moçambique, terminou em tumultos com a intervenção da PRM, que usou gás lacrimogéneo para dispersar a população.

Nas redes sociais, há vários testemunhos a darem conta de disparos de balas reais, não havendo porém confirmação dessa informação por parte da polícia.

Já na Beira, centro do país, a manifestação reuniu cerca de 5.000 pessoas. Bastante audível, o grupo de manifestantes percorreu várias ruas da cidades exigindo justiça eleitoral.

FRELIMO "contra qualquer tipo de violência"

Entretanto Celso Correia, que é dirigente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, e também ministro da Agricultura, afirmou este sábado que o direito ao protesto deve ser conciliado com outros direitos fundamentais, face às manifestações pós-eleitorais no país.

Autoridades tentam conter os protestos em Maputo, em 24 de outubro
A polícia tem sido acusada de usar violência contra os manifestantesFoto: Alfredo Zuniga/AFP

"A FRELIMO defende o princípio de paz e valores de paz. Estamos contra qualquer tipo de violência. Acreditamos que os direitos de todos os cidadãos têm que ser salvaguardados, tanto o direito de protesto como também o direito à vida, à livre circulação", disse aquele membro da comissão política da FRELIMO e chefe da brigada central de assistência à província de Inhambane.

Em declarações aos jornalistas após um encontro com jovens das cidades de Inhambane e Maxixe, no sul de Moçambique, Celso Correia garantiu que a FRELIMO deseja que o processo eleitoral decorra "com o máximo de transparência possível" e "que se valorizasse o trabalho das instituições de uma forma transparente e credível".

"Para também convencer o grupo de moçambicanos que ainda não tem confiança nos resultados. É muito importante que o processo de apuramento possa ser o máximo transparente possível para termos a paz social, que é muito importante para a construção de Moçambique, na certeza e confiantes de que, de facto, o nosso candidato [a Presidente da República] Daniel Francisco Chapo tem esta ponderação para, depois de um processo eleitoral conseguir trazer a coesão entre o povo moçambicano", disse o influente dirigente da FRELIMO.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, partido no poder desde 1975, na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirma não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Moçambique: Crise política e o olhar do ocidente