Mali: um país mergulhado no caos
9 de junho de 2012Em Bamako, capital do Mali, os refugiados vêem-se por todo o lado. A maior parte veio da Líbia "à queima roupa", na sequência do derrube do regime de Muammar Kadhafi. No Mali distingue-se dois grupos de retornados diferentes: os que trabalhavam na Líbia e perderam os seus empregos na sequência dos confrontos mlitares, e os que participaram ativamente na guerra, como mercenários, pagos pelas forças fieis ao deposto presidente líbio, general Muammar Kadhafi.
Ex-trabalhadores na Líbia sobrevivem nas ruas de Bamako
Os que vivem pior são os ex-trabalhadores na Líbia que perderam os seus empregos e agora sobrevivem à custa de familiares e sem apoio por parte de organizações governamentais e não governamentais.
Em poucos meses o Mali, que era considerado um dos países mais estáveis (politica e socialmente) da África Ocidental, mergulhou no autêntico caos. Um movimento separatista composto pelos nómadas do povo tuaregue, assim como vários movimentos islamistas conseguiram levar a melhor contra o exército regular no norte do país, tomaram as maiores cidades da região, e declararam a independência do denominado "Estado do Azawad".
Tuaregues vindos da Líbia controlam o norte do Mali
A União Europeia e a União Africana rejeitaram repetidamente a "declaração de independência" feita pelos grupos rebeldes que controlam o Norte do Mali e reafirmaram o apoio à integridade territorial do país africano.
Dois dos grupos que controlam o Norte do Mali há cerca de dois meses, os rebeldes tuaregues e o movimento islamita Ansar Dine, anunciaram já várias vezes a fusão e proclamaram um "Estado islâmico" na região.
A União Europeia e União Africana estão também de acordo sobre a necessidade de "aumentar a pressão" sobre os rebeldes malianos e de apoiar o processo de transição em curso no Mali, na sequência do golpe de Estado de 22 de março último.
Outra organização regional, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que denunciou a "tentativa de criação" de um Estado islâmico no Norte do Mali e também rejeitou a mesma "declaração de independência", já manifestou disponibilidade para enviar uma força armada para o país africano, se receber um pedido oficial das autoridades da transição.
Um contraste de autoria da repórter DW Marine Olivesi, apresentado por António Cascais.
Autor: António Cascais
Edição: António Rocha