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Dominado por grupos armados, norte do Mali continua em situação incerta

8 de maio de 2012

Rebeldes tuaregues declararam independência de Azawad (norte), mas região também está dominada por grupos armados islâmicos Ansar Dine (foto) e AQMI. Representante dos tuaregues diz que independência é "inegociável".

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Militantes do grupo radical islâmico Ansar Dine
Militantes do grupo radical islâmico Ansar DineFoto: dapd

Pouco mais de um mês depois que rebeldes tuaregues declararam a independência de Azawad, no norte do Mali, a situação na região continua incerta. O MNLA (Movimento Nacional de Libertação de Azawad) exigiu que o grupo radical islâmico Ansar Dine renuncie às armas e que defina que direção quer tomar. O Ansar Dine não reagiu à proposta de diálogo.

Em meados de abril, deputados no Mali também pediram que os movimentos armados que controlam o norte do país ocidental africano depositem as armas e que se retirem das zonas que ocupam. Os legisladores rejeitaram a declaração de independência de Azawad pelos tuaregues, que consideram a região o berço deste povo berbere.

Em Berlim, o presidente do MNLA na Europa, Moussa Ag Assarid, disse em conversa com a DW África que "o território de Azawad está 100% controlado pelo MNLA". Assarid relatou que o MNLA encontrou em Azawad grupos armados da AQMI, a Al Qaeda no Magrebe Islâmico, e outras ramificações desta aglomeração.

"Para nós, é crucial que haja apenas um exército, e não mais, no estado de Azawad. O Ansar Dine precisa se situar: vai se unir ao processo democrático no Azawad ou vai ficar ao lado de [grupos] radicais islâmicos e extremistas, ou até terroristas?", acrescentou o representante do MNLA na Europa.

Segundo agências noticiosas, o MNLA teria tomado o controle das três regiões administrativas de Kidal, Gao e Tombuctu em meados de abril. Tais regiões se estendem do nordeste ao noroeste do Mali. No final de abril, relata a agência France Presse, a Frente Nacional de Libertação de Azawad (FNLA), novo grupo armado formado por árabes malianos, terá assumido o controle de algumas entradas de Tombuctu. O grupo, segundo a Lusa, saiu da cidade após pedido da AQMI.

Acresce que, no início deste mês, Tombuctu ficou sob choque após a profanação do mausoléu de um santo muçulmano da cidade de 30 mil habitantes que está, desde 1988, inscrita no patrimônio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A mesquita de Sankore, na cidade de Tombuctu, conhecida como "cidade dos 333 santos"
A mesquita de Sankore, na cidade de Tombuctu, conhecida como "cidade dos 333 santos"Foto: picture-alliance/Désirée von Trotha
Moussa Ag Assarid, presidente do MNLA na Europa
Moussa Ag Assarid, presidente do MNLA na EuropaFoto: picture-alliance/dpa

Os autores da profanação terão sido membros da AQMI, apoiados pelo grupo armado islâmico Ansar Dine. Eles teriam destruído o mausoléu do santo Sidi [Mahmoud Ben] Amar, queimando-o.

Autoridades regionais deveriam dialogar

Da União Africana (UA) e da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o MNLA espera compreensão e um ouvido aberto, segundo disse o representante do movimento na Europa, Moussa Ag Assarid. "Atualmente, o povo de Azawad, o povo do Mali, todos precisam de paz. Enviar militares africanos estrangeiros ao deserto do Saara para combater os militantes do MNLA seria incendiar a subregião de uma maneira geral. E isso não é uma boa solução", afirmou Assarid.

De recordar que, em cimeira extraordinária a 26.04, a CEDEAO entrou em acordo para enviar uma missão militar ao Mali para o restabelecimento do poder civil, depois que o país foi palco, a 22.03, de um golpe de estado militar. Como motivo para o golpe, os soldados alegaram incapacidade do presidente deposto Amadou Toumani Touré para lidar com a rebelião no norte do Mali – a destituição do poder acabou por fazer com que rebeldes tuaregues apoiados por combatentes islâmicos controlassem o norte do país.

A CEDEAO também pediu a realização de eleições presidenciais em 12 meses no Mali. A mesma coisa vale para a Guiné-Bissau, que sofreu golpe militar em 12.04 e receberá igualmente uma missão militar internacional.

Se a recente nomeação do Cheikh Modibo Diarra como primeiro-ministro de transição do Mali for uma solução para a crise político-militar no país, o representante do MNLA disse à DW África que ficaria aliviado. "Faz tempo que esperamos o início dessas negociações. Do que sabemos, Modibo Diarra é um intelectual, um homem capaz de entender os contextos do país. Existe apenas uma questão que não negociamos: a independência de Azawad – ela é irrevogável e irreversível", reiterou Moussa Ag Assarid.

Autora: Renate Krieger (com Julien Mechaussie/Berlim)
Produção áudio: António Rocha
Edição: António Rocha

Movimento tuaregue de Libertação de Azawad, MNLA
Movimento tuaregue de Libertação de Azawad, MNLAFoto: AP

08.05.12 Mali - MNLA - MP3-Mono