Líder da CASA-CE prevê mudanças políticas em Angola em 2017
8 de maio de 2013O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), criada em 2012, prevê a partir de 2017 um novo xadrez de mudanças no plano político em Angola, em nome de uma democracia verdadeira.
Em Portugal desde sexta-feira (03.05) para um périplo pela Europa e Estados Unidos da América, Abel Chivukuvuku manifesta-se contra aquilo que chama de “democracia de fachada” e o controlo da economia por uma “clique ligada ao poder” em Angola.
O líder da CASA-CE critica o regime autoritário, de poder pessoal centrado no Presidente Eduardo dos Santos, afirmando também que os partidos tradicionais estão esgotados, cumpriram o seu papel histórico e já não estão à altura dos desafios do futuro.
Aponta como exemplo a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). “Dos três países históricos, um já está para trás. E outros, aos poucos, também vão passando. A fase terminou”, sublinha.
CASA-CE quer ser “forte alternativa” ao MPLA
Por outro lado, o dirigente da terceira maior força política no Parlamento angolano desvaloriza as recentes afirmações de dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), principal partido da oposição, segundo as quais só existem em Angola dois partidos verdadeiros. Chivukuvuku, que já foi dirigente da UNITA, prefere “deixar a História clarificar as coisas”.
Em entrevista à DW África, adianta que quer fazer da CASA-CE uma “forte alternativa” ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde 1975. Depois da transformação da coligação em partido político no segundo congresso ordinário, em 2016, Chivukuvuku, potencial candidato às presidenciais, indica 2017 como marco de um novo ciclo político em Angola.
O líder da CASA-CE diz esperar que haja eleições autárquicas em 2015 para que se possa “diluir o conceito de poder em termos de equilíbrio de poder”. E tendo em consideração aspetos como “o estado de pobreza local da população angolana, a qualidade da governação - que é anti-patriótica, corrupta e nepótica – , a longevidade do Presidente da República e o autoritarismo com que tem conduzido o país e a evolução da literacia na camada juvenil", explica, em 2017 já deverá haver "condições apropriadas para que haja uma mudança em Angola".
Abel Chivukuvuku deseja que estas mudanças por uma democracia verdadeira sejam feitas de forma ordeira e responsável. “Porque essa mudança visa instituir uma visão patriótica que utiliza todos os recursos do Estado para o bem do cidadão", argumenta.
Luanda tenta travar digressão europeia
Fala de governação transparente que terá como uma das suas linhas de ação o combate à corrupção. É esta mensagem central que pretende transmitir aos portugueses neste périplo que tem início precisamente em Portugal pela qualidade das relações que este desenvolve com Angola.
Abel Chivukuvuku veio com objetivos muito claros: dar a conhecer as perspetivas em Angola no plano político, económico e social, partilhar as preocupações quanto à qualidade das relações entre os dois países, ensombradas por ciclos de tensão. Uma relação que qualifica de insegura e que deve passar a ser mais madura e profunda.
O ex-dirigente da UNITA não esconde que terá havido pressões e tentativas de Luanda para travar a realização desta digressão, que, nesta primeira etapa, já não contempla a Alemanha por dificuldades de agenda. “Vamos deixar para o próximo ano, porque pensamos que a Alemanha é um país extremamente relevante, é a maior economia da Europa”, revela.
A visita também inclui encontros com a comunidade angolana na diáspora, para “perceber como é que vai a vida das comunidades angolanas, particularmente neste momento de crise na Europa e transmitir também uma mensagem de esperança”, precisa Chivukuvuku.
Além de Portugal, o périplo que decorre até 23 de maio abrange Inglaterra e França, prosseguindo depois nos Estados Unidos da América.