Costa do Marfim está à beira de uma guerra civil
23 de março de 2011Para minimizar a detrioração do país, a ONU lançou esta terça-feira um apelo urgente para a doação de fundos à Costa do Marfim. A missão de paz das Nações Unidas na Costa do Marfim disse que as forças próximas de Laurent Gbagbo estavam a preparar um ataque utilizando um helicóptero e o lançamento de "rockets" e condenou o uso crescente de armamento pesado contra civis.
As forças de paz avisaram já que não vão tolerar qualquer tentativa de uso de armas contra civis e garantiram que, se isso acontecer, vão ser tomadas medidas (mas sem especificar quais). Estas declarações vêm na sequencia de Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como o presidente eleito da Costa do Marfim, ter acusado as forças da ONU de terem uma atitude passiva na defesa da população e de ter apelado ao uso da força face aos ataques consumados pelos leais a Gbagbo.
O medo toma conta de todos
Entretanto, a situação no país deteriora. Depois do ataque de quinta-feira ao mercado de Abobo, em Abidjan, o lugar é hoje uma cidade fantasma. No local anteriormente frequentado por muitas pessoas, hoje reina o silêncio. Em toda a parte são visíveis cadáveres, vestígios de sangue ou danos causados pelas balas. Uma testemunha conta que no mercado local as forças de Gbagbo lançaram “obuses” aterrorizando a população. A testemunha revoltada conclui: "Houve 14 mortos e muitos feridos. Estamos cansados! A população de Abobo está cansada!"
O balanço do ataque foi superior a 14 mortes. Aproximadamente 25 pessoas perderam a vida e houve entre 40 a 60 feridos. Agora, Abobo é cenário de insegurança, doenças e fome, como diz um habitante: "Vivemos com medo. Não podemos ficar cá fora de noite como de dia. Não podemos comer. Dormimos assim. Não há hospitais. Está tudo cheio lá."
Comunidade Internacional fecha os cordões a bolsa
As Nações Unidas fizeram ainda, esta terça-feira, um apelo urgente para que sejam doados fundos à Costa do Marfim, país que se encontra na iminência de uma guerra civil, depois das eleições presidencias de novembro último.
A porta-voz do gabinete de coordenação dos assuntos internacionais da ONU, Elisabeth Byrs, considerou mesmo ser “inaceitável” ter recebido, até ao momento, sete milhões de dólares, quando tinha pedido 32 milhões. Desde o final do ano passado, os confrontos entre as forças leais a Gbagbo, os seus opositores pró-Ouattara e as autoridades já fizeram mais de 440 mortos, de acordo com a ONU.
Autor: Glória de Sousa
Revisão: Nádia Issufo/Cristina Krippahl