Confrontos dificultam viagens de carro em Moçambique
15 de novembro de 2016Uma escolta chega. O carro blindado com seis militares segue à frente de uma coluna com mais de 100 veículos que esperavam para viajar, mas mesmo com a escolta o caminho pode ser perigoso. Um viajante conta-nos que foi roubado por homens armados.
O cenário acima é uma prova de que em Moçambique não tem sido fácil ir de Inhambane a Tete. As cidades estão localizadas a menos de 900km uma da outra e a viagem antes feita de carro num dia hoje demora muito mais por causa dos confrontos entre as forças do Governo e da RENAMO, o maior partido da oposição.
Escolta
Não é possível percorrer o caminho sem proteção militar e se alguém perde a última escolta disponível do dia, precisa esperar até a manhã do dia seguinte dormindo no carro, na estrada ou então procurar uma pensão. Isso aconteceu conosco e com o automobilista de João Vasco, quem conhecemos enquanto esperávamos pela escolta.
Já o viajante Faizal Abdul conta-nos uma história mais drástica sobre os perigos da viagem: "dois homens armados pediram-me dinheiro e quando eu disse que não tinha, reagiram muito mal. O camião não estava bloqueado e ao tentar fugir o camião recuou e capotou fechando o caminho. Perdi todos os meus documentos. O dinheiro também foi levado”.Ao longo do caminho vemos centenas de casas queimadas - ali já não vive ninguém. Para os automobilistas e passageiros a situação é desesperante. Os motoristas que precisam trabalhar transportando mercadorias para o Malawi estão preocupados, conta-nos Mussa Cuirassa, que trabalha para uma empresa naquele local.
"Somos do Zimbabwe, Malawi, Joanesburgo e estamos todos a sofrer aqui na estrada", relata Cuirassa.
Além dos perigos, o percurso antes feito em um dia tornou-se dispendioso: ao longo do caminho até Tete gastamos cerca de 4.000 meticais (cerca de 50 euros) em comida e bebida para três dias de viagem - o que pode ser muito para a população local.