Cidadãos de Maputo preparam-se para dias de "sacrifício"
30 de outubro de 2024O candidato presidencial Venâncio Mondlane alertou que a terceira fase de manifestações, que começa esta quinta-feira (31.10) e se prolonga por sete dias, será a mais dura desde o início da contestação aos resultados eleitorais.
Mondlane anunciou medidas que vão exigir sacrifícios de todos, e horas antes da greve anunciada começar, muitos cidadãos procuravam fazer as últimas compras antes que anoitecesse, em Maputo.
No mercado grossista de Zimpeto, o presidente da comissão dos vendedores, Ivo Munonga, notou hoje um "movimento atípico" para meio de semana.
Alice de Jesus, vendedora no mercado, diz que concorda com a greve anunciada por Mondlane, mas lamenta que as paralisações estejam a sacrificar as pessoas de baixa renda.
"Não sei, como moçambicanos, onde vamos viver, mas Moçambique é nosso e não temos outro sítio para ir e o nosso pai [Venâncio] tem de ver alguma coisa, porque nós não temos nada", apelou.
Corrida antes da paralisação anunciada
Hilária Mafumo vende lenha, mas hoje foram poucos os que visitaram a sua banca. Todos estão preocupados em comprar comida para os próximos dias de paralisação anunciados por Venâncio Mondlane. "Neste momento, não compram. Só estão a comprar carne, outros produtos alimentares e bebidas."
Por se tratar do fim do mês, uns tem salário, mas outros ainda não. Timóteo Zucula disse que andava hoje à procura de algo para que se possa aguentar nos próximos dias, porque já recebeu.
"Aqueles que não tinham salário, já tiveram ontem ou antes de ontem, e agora estão a correr."
O mesmo acontece com Soraya Macome, que faz as compras não só para os próximos dias de greve, mas para todo o mês: "Para alimentar a família, compro 10 quilos de arroz, 12,5 de farinha, 2 litros de óleo."
Venâncio Mondlane espera a chegada às ruas de Maputo, nos próximos dias, de quatro milhões de pessoas, vindas de várias cidades do país, para contestar os resultados eleitorais considerados fraudulentos.