África-Alemanha
12 de janeiro de 2007Pouco antes do início do segundo fórum sobre o continente africano, o presidente alemão, Horst Köhler, anunciou ao presidente de Gana, John Kufuor, o cancelamento de 270 milhões de euros da dívida que o país tem com a Alemanha, como informou um porta-voz do governo em Acra, nesta sexta-feira (12/01).
Em 2007, a Alemanha assume a presidência rotativa da União Européia por seis meses e do G8, grupo de países industrializados e Rússia, por um ano. Em ambas presidências, a África assumirá um papel fundamental na política externa alemã. Além disso, os países do G8 já adotam, há alguns anos, um programa para a redução da dívida dos países mais pobres.
Não só louvável, mas necessário
"Nossa política não se importa muito com a África. Por esta razão, o engajamento do presidente Horst Köhler não somente é louvável, mas também necessário", afirmou Hans-Joachim Preuss, secretário-geral da organização não-governamental Ação Agrária Alemã (Welthungerhilfe) em entrevista à Deutsche Welle.
No contexto da visita de Köhler à África, que se encerra no próximo domingo (14/01), Preuss apela por uma melhor coordenação entre a política externa e a de cooperação econômica.
"No exemplo das subvenções para produtos agrícolas ou do protecionismo do mercado alemão para produtos africanos, fica claro que tiramos mais dinheiro dos africanos do que lhes repassamos através da política de ajuda de desenvolvimento", declarou Preuss.
Ajuda de desenvolvimento sozinha não resolve
A porcentagem da África no comércio exterior alemão está em torno do 1%. Mesmo assim, o volume de transações econômicas é quinze vezes maior que a ajuda ao desenvolvimento do continente. No contexto da UE e G8, a Alemanha comprometeu-se em aumentá-la para 0,7% do PIB até 2015.
Segundo a ministra alemã da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, a ajuda de desenvolvimento sozinha não vai resolver o problema africano.
"Não há alternativa a não ser fortalecer a própria responsabilidade do continente, mudando relações econômicas e evitando conflitos que se anunciam com a exploração do petróleo e matéria-prima africanos", comentou Wieczorek-Zeul.
O governo alemão quer melhorar as condições de investimentos externos no continente africano. A ministra afirmou ver, nos investimentos privados, uma chance para a formação e ampliação das infra-estruturas regionais, da interconexão dos mercados e das energias renováveis.
Concorrência de países em desenvolvimento
Em conversa com Horst Köhler, o presidente ganense John Kufuor chamou-lhe a atenção para o grande potencial de investimentos que países como China e Índia têm na África. "A África tem muitas alternativas", afirmou Kufuor. Através dos grandes volumes de compra de matéria-prima, os investimentos chineses estão bastante presentes no continente africano.
Köhler, por sua vez, não vê a Europa em concorrência com tais países. "Os europeus não devem somente falar mal, mas acordar e entender que os chineses, aqui, ajudam e cooperam", afirmou o presidente alemão, que foi calorosamente recebido por Kufuor. Ambos se conhecem desde o tempo que Horst Köhler chefiava o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O fórum sob o tema "Duas gerações – um futuro", aberto nesta sexta-feira (12/01), em Acra (Gana), é iniciativa de Horst Köhler e pretende discutir as possibilidades do intercâmbio teuto-africano. O próximo evento deste tipo está programado para novembro próximo em Bonn.