Xi Jinping alerta para "linha vermelha" em Hong Kong
1 de julho de 2017Dezenas de milhares de cidadãos de Hong Kong saíram às ruas neste sábado (01/07) para pedir mais liberdades democráticas no dia do 20° aniversário da devolução da antiga província britânica à China e horas depois de o presidente chinês, Xi Jinping, advertir, em visita à cidade, que não vai tolerar ameaças ao poder de Pequim.
Zeitgeist: Hong Kong e o modelo "um país, dois sistemas"
Sob o lema "Um país, dois sistemas, uma mentira", milhares de pessoas percorreram os três quilômetros da tradicional marcha de 1° de julho, que há duas décadas é o maior evento anual de protesto contra a política do regime chinês. Cartazes e guardas-chuvas amarelos, símbolo dos famosos protestos democráticos de 2014, enfeitaram o percurso da marcha, convocada anualmente pelo grupo Frente Civil de Direitos Humanos, de Hong Kong.
Os organizadores estimaram em 60 mil a quantidade de participantes da manifestação, número inferior aos 100 mil previstos. A marcha foi afetada pela intensa chuva, que levou ao cancelamento de parte do evento. A polícia estimou em 14 mil o número de participantes, segundo a imprensa local.
A marcha começou duas horas depois de o presidente chinês deixar a cidade, onde esteve durante três dias para sua primeira visita oficial, e depois de ele deixar uma mensagem clara aos cidadãos de Hong Kong de que nenhum ato de rebeldia ou de oposição ao sistema estabelecido para governar a ex-colônia será tolerado por Pequim.
Posse de nova líder
Xi participou neste sábado da posse da nova líder de Hong Kong, Carrie Lam, que se tornou a primeira mulher a chefiar o Executivo e a quarta líder desde a transferência do território para o domínio chinês.
"O povo de Hong Kong goza de direitos e liberdades democráticas mais amplos do que em qualquer outro momento da história", disse Xi durante a cerimônia. Ele advertiu que qualquer ameaça à autoridade de Pequim "atravessa a linha vermelha e é absolutamente inadmissível". Xi também alertou contra quem usa a cidade "para realizar atividades de infiltração e sabotagem contra o continente".
Lam e seu gabinete juraram servir à China e a Hong Kong, além de defender a legislação da cidade semiautônoma. Lam, uma ex-funcionária do governo, havia sido escolhida em março pelo comitê eleitoral de Hong Kong, que é acusado de ser pró-Pequim.
Embora a Lei Básica (Constituição) de Hong Kong – promulgada em 1º de julho de 1997 – estipule que a cidade deve avançar rumo ao sufrágio universal, as propostas de reforma do processo eleitoral estão paralisadas desde 2014.
MD/lusa/efe/rtr/afp/dpa